Do caos à criação: tecnologias pioneiras nascem de momentos críticos


Em um cenário de crescentes desafios ambientais, a voz de especialistas se torna fundamental para entender as transformações necessárias para um futuro sustentável. O engenheiro agrônomo João Pedro Cuthi Dias traz uma visão lúcida e abrangente sobre a “guerra” que a humanidade enfrenta contra o aquecimento global e como essa batalha está impulsionando avanços em diversas áreas, desde a produção de energia até a agricultura sustentável.

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A Segunda Guerra Mundial e o progresso tecnológico

João Pedro Cuthi Dias relembra a Segunda Guerra Mundial como um exemplo clássico de como crises podem acelerar o progresso tecnológico. “Você teve um avanço, o homem aprendeu a usar a energia nuclear, infelizmente para matar pessoas. O ideal seria que ele tivesse aprendido para salvar vidas, mas, no entanto, aprendeu. Surgiram os antibióticos, a penicilina, que surgiu na Segunda Guerra Mundial, em função das pessoas que morriam infeccionadas por causa das feridas”, explica Dias.

A guerra, apesar de sua natureza devastadora, muitas vezes rompe barreiras burocráticas e promove inovações rápidas. “A guerra, infelizmente, é um fator de progresso, que agiliza os processos e rompe as amarras burocráticas que existem. Hoje, estamos em guerra também: uma guerra contra o aquecimento global e a mudança climática que está causando tantos danos ao redor do mundo.”

Mudanças climáticas: um desafio global

Cuthi Dias destaca os impactos globais da mudança climática, mencionando desastres naturais recentes no Rio Grande do Sul e em outras partes do mundo. “O aquecimento global está destruindo as calotas polares, o que representa um imenso risco de mudança climática”, alerta.

Os principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa são a produção de energia e o transporte. No entanto, Dias observa avanços na substituição de fontes de energia poluentes por alternativas mais limpas. “Na produção de energia elétrica, estamos vendo a substituição da energia produzida por carvão, que é um desastre. Para cada um megawatt-hora produzido, colocamos uma tonelada de CO2 na atmosfera. Hoje, a energia fotovoltaica e a eólica têm desempenhado um papel crucial. Em março, durante um pico de consumo de energia elétrica no Brasil devido ao aquecimento global, não queimamos combustível fóssil, usamos energia fotovoltaica e eólica”, explica.

Transição para transportes sustentáveis

No setor de transportes, a transição para veículos elétricos e híbridos é vista como um avanço importante. “Os carros elétricos, que antes eram uma ilusão devido aos altos custos e à baixa eficiência das baterias, estão se tornando uma realidade mais próxima. Os carros híbridos, que utilizam combustível renovável para gerar energia elétrica, são uma etapa importante nesse processo de transição”, afirma o engenheiro.

Agricultura sustentável e inovações tecnológicas

A agricultura também está passando por uma revolução verde, com o Brasil liderando o uso de práticas agrícolas regenerativas. “Nossa agricultura regenerativa utiliza produtos naturais, como fosfato natural e potássio sem cloro, além da fixação biológica de nitrogênio. Produzimos 156 milhões de toneladas de soja por ano em 45 milhões de hectares. Se utilizássemos métodos sintéticos como os Estados Unidos, precisaríamos aplicar 9 milhões de toneladas de ureia. Em vez disso, usamos bactérias que fixam o nitrogênio e liberam para as plantas, evitando a emissão de óxido nitroso, que é 250 vezes mais danoso que o CO2”, destaca Cuthi Dias.

Essas práticas não se limitam às leguminosas. “Temos uma série de bactérias que se alojam junto às raízes das plantas, transformando o nitrogênio do ar em compostos orgânicos que são liberados para a planta quando essas bactérias morrem. Isso está avançando rapidamente no Brasil e em outros países tropicais, com potencial para grandes mudanças tecnológicas.”

João Pedro Cuthi Dias conclui com uma visão otimista, ressaltando que, apesar dos graves desafios impostos pelo aquecimento global, há um cenário de esperança. “Estamos enfrentando os problemas do aquecimento global, mas também vemos um futuro promissor com mudanças na matriz de transporte, na matriz energética e no uso de produtos naturais para garantir a segurança alimentar. Vivemos um momento de transição, um passo à frente em relação aos desafios que enfrentamos atualmente.”

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Leia a entrevista na íntegra

Portal Agrolink: Como você enxerga a relação entre crises globais e avanços científicos e tecnológicos? Poderia dar exemplos recentes de como a necessidade de enfrentar o aquecimento global tem impulsionado inovações em diferentes setores?

João Pedro Cuthi Dias: A Segunda Guerra Mundial é um exemplo clássico de como crises podem acelerar o progresso tecnológico. Você teve um avanço, o homem aprendeu a usar a energia nuclear, infelizmente para matar pessoas. O ideal seria que ele tivesse aprendido para salvar vidas, mas, no entanto, aprendeu. Surgiram os antibióticos, a penicilina, que surgiu na Segunda Guerra Mundial, em função das pessoas que morriam infeccionadas por causa das feridas.

A guerra, infelizmente, é um fator de progresso, que agiliza os processos e rompe as amarras burocráticas que existem. Hoje, estamos em guerra também: uma guerra contra o aquecimento global e a mudança climática que está causando tantos danos ao redor do mundo.

Os impactos globais da mudança climática, mencionando desastres naturais recentes no Rio Grande do Sul e em outras partes do mundo. O aquecimento global está destruindo as calotas polares, o que representa um imenso risco de mudança climática

Os principais responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa são a produção de energia e o transporte. Na produção de energia elétrica, estamos vendo a substituição da energia produzida por carvão, que é um desastre. Para cada uma megawatt-hora produzido, colocamos uma tonelada de CO2 na atmosfera. Hoje, a energia fotovoltaica e a eólica têm desempenhado um papel crucial. Em março, durante um pico de consumo de energia elétrica no Brasil devido ao aquecimento global, não queimamos combustível fóssil, usamos energia fotovoltaica e eólica.

Portal Agrolink: Na sua opinião, quais tecnologias ou práticas emergentes têm o maior potencial para transformar a maneira como abordamos a produção de energia e a agricultura sustentável, especialmente no contexto brasileiro? Poderia comentar sobre a disseminação das placas fotovoltaicas e a agricultura regenerativa?

João Pedro Cuthi Dias: No setor de transportes, a transição para veículos elétricos e híbridos é vista como um avanço importante. Os carros elétricos, que antes eram uma ilusão devido aos altos custos e à baixa eficiência das baterias, estão se tornando uma realidade mais próxima. Os carros híbridos, que utilizam combustível renovável para gerar energia elétrica, são uma etapa importante nesse processo de transição.

A agricultura também está passando por uma revolução verde, com o Brasil liderando o uso de práticas agrícolas regenerativas. Nossa agricultura regenerativa utiliza produtos naturais, como fosfato natural e potássio sem cloro, além da fixação biológica de nitrogênio. Produzimos 156 milhões de toneladas de soja por ano em 45 milhões de hectares. Se utilizássemos métodos sintéticos como os Estados Unidos, precisaríamos aplicar 9 milhões de toneladas de ureia. Em vez disso, usamos bactérias que fixam o nitrogênio e liberam para as plantas, evitando a emissão de óxido nitroso, que é 250 vezes mais danoso que o CO2.

Essas práticas não se limitam às leguminosas. Temos uma série de bactérias que se alojam junto às raízes das plantas, transformando o nitrogênio do ar em compostos orgânicos que são liberados para a planta quando essas bactérias morrem. Isso está avançando rapidamente no Brasil e em outros países tropicais, com potencial para grandes mudanças tecnológicas.

Fonte: agrolink

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