O cultivo de trigo tropical, que abrange tanto o bioma do Cerrado quanto a Mata Atlântica, tem se expandido rapidamente, contabilizando mais de 400 mil hectares nos estados de Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia e São Paulo. No entanto, essa área representa apenas 12,5% do potencial total para o cultivo desse grão em ambientes tropicais.
Segundo estudos da Embrapa Territorial, a área propícia ao cultivo de trigo tropical é estimada em 4 milhões de hectares. Desse total, 1,5 milhão de hectares são considerados adequados para o cultivo irrigado, enquanto 2,5 milhões de hectares são apropriados para o cultivo de sequeiro.
Em relação ao trigo do Cerrado em Minas Gerais, a safra tem início em junho e se estende até setembro. Esse período é fundamental para os produtores da região, que aproveitam a janela de clima favorável para cultivar e colher o trigo. “A produção começa em junho e vai até setembro, é essa janela que funciona”, explica Max Mahlow, gerente comercial do Moinho Sete Irmãos. “Normalmente nós compramos o trigo nesse período, fazendo uma estocagem de tal sorte que a gente possa passar a grande parte do ano sem comprar trigo novamente”, continua.
A última safra foi excepcional para a região, atingindo um volume de 420 a 430 mil toneladas, número superior às safras anteriores, que variavam entre 200 e 250 mil toneladas. “Esse nível de 400 mil toneladas nos atende, atende os outros moinhos de Minas Gerais e para nós é excelente porque nós compramos basicamente o trigo do Cerrado mineiro. 95%, 96% do trigo que nós adquirimos é aqui na região”, ressalta Mahlow.
Apesar do sucesso, o mercado de trigo enfrenta desafios contínuos. Uma das principais dificuldades é a brusone, uma doença fúngica que afeta as plantações. “O trigo da região, o trigo tropical, é excelente. Eu não tenho nada, nenhuma demanda não atendida. Ele é muito bom. Inclusive, o problema maior que nós temos na produção aqui é com relação à brusone. E muitas variedades já estão sendo desenvolvidas com maior imunidade ao brusone, vamos dizer, com maior resistência ao brusone”, afirma o gerente comercial do Moinho Sete Irmãos.
Veja também: Altas temperaturas impactam produção de sementes de trigo no Cerrado Mineiro
As expectativas para a cultura do trigo tropical são promissoras. Considerada uma das últimas fronteiras agrícolas do país, a região tem um potencial de crescimento. “A expectativa para o trigo tropical é de um crescimento. É uma das últimas fronteiras agrícolas do país. Então a gente imagina que tem um potencial enorme. Se nós estamos falando em 400 mil toneladas, eu imagino que nós possamos chegar a mais de um milhão de toneladas rapidamente”, diz Max Mahlow.
No entanto, a safra de 2024 enfrenta desafios climáticos. As altas temperaturas noturnas e a seca intensa têm impactado negativamente o desenvolvimento das lavouras. “Nós estamos sofrendo um calor, está muito calor à noite e isso não é bom para o desenvolvimento da cultura, né, e muita seca. Então, já existe uma perspectiva de uma queda próxima a 30% nesta safra atual”, alerta Mahlow.
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Para os produtores e consumidores, a expectativa é que, com os devidos incentivos e avanços tecnológicos, a região continue a prosperar, consolidando-se como um importante polo de produção de trigo no Brasil.
Leia abaixo a entrevista na íntegra:
Portal Agrolink: Como funciona a safra de trigo do Cerrado em Minas Gerais?
Max Mahlow – Gerente comercial do Moinho Sete Irmãos: A safra de trigo Cerrado começa em junho, a produção começa em junho e vai até setembro, é essa janela que funciona. Normalmente nós compramos o trigo nesse período e já fazendo uma estocagem de tal sorte que a gente possa passar a grande parte do ano sem comprar trigo novamente.
Portal Agrolink: Quais são as principais demandas e desafios do mercado que vocês enfrentaram nas últimas safras?
Max Mahlow – Gerente comercial do Moinho Sete Irmãos: A última safra foi excelente, foi um volume bem razoável para a região, chegou a 420, 430 mil toneladas, mas em anos anteriores a safra local era bem menor que isso, chegava a 200, 250 mil. Então esse nível de 400 mil toneladas ela nos atende, atende os outros moinhos de Minas Gerais e para nós é excelente porque nós compramos basicamente o trigo do Cerrado mineiro. 95%, 96% do trigo que nós adquirimos é aqui na região.
Portal Agrolink: Existe alguma dificuldade encontrada com o trigo tropical? Quanto a sua perspectiva quanto a isso?
Max Mahlow – Gerente comercial do Moinho Sete Irmãos: O trigo da região, o trigo tropical, é excelente. Eu não tenho nada, nenhuma demanda não atendida. Ele é muito bom. Inclusive, o problema maior que nós temos na produção aqui é com relação à brusone. E muitas variedades já estão sendo desenvolvidas com maior imunidade ao brusone, vamos dizer, com maior resistência ao brusone.
Portal Agrolink: E quanto à expectativa ao médio e ao longo prazo para a cultura do trigo tropical? E quais as expectativas para a safra de 2024?
Max Mahlow- Gerente comercial do Moinho Sete Irmãos: A expectativa para o trigo tropical é de um crescimento. É uma das últimas fronteiras agrícolas do país. Então a gente imagina que tem um potencial enorme. Se nós estamos falando em 400 mil toneladas, eu imagino que nós possamos chegar a mais de um milhão de toneladas rapidamente. É só uma questão do produtor acreditar, de ter algum incentivo para isso, enfim, é um potencial imenso. Quanto à safra deste ano, nós estamos sofrendo um calor, está muito calor à noite e isso não é bom para o desenvolvimento da cultura, né, e muita seca. Então, já existe uma perspectiva de uma queda próxima a 30% nesta safra atual.
Fonte: agrolink