As rosetas, ou escarapelas de premiação, foram criadas na década de 1950, pelo veterinário e jornalista Caio Poester, responsável pelo setor de informação e fomento da Secretaria de Agricultura da época.
Trazem as cores da bandeira do Rio Grande do Sul mescladas com branco, violeta e azul, que representam o arco-íris. Quanto mais importante o prêmio, mais cores compõem a roseta. Os adereços adornam os animais vencedores que disputam por categorias, campeonatos e, por fim, concorrem ao título de grande campeão. Os animais podem ter mais de uma premiação.
Elas representam um símbolo de vitória na Expointer, uma recompensa pelo trabalho árduo e pelo investimento do agropecuarista, mas também geram valorização e oportunidades de grandes negócios.
“São os prêmios dos melhores animais para o produtor. Ganhar uma roseta de grande campeão significa multiplicar o valor deste animal e da genética da cabana. Aqui está se escolhendo os melhores exemplares da genética do nosso país ou até mesmo do mundo, de acordo com algumas raças”, explica Pablo Charão, comissário geral da Expointer, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).
“O produtor traz os animais aqui não só para participar do julgamento, mas para que tenha sua genética exposta para que o pessoal conheça e possa fazer futuros negócios. Porém, o impacto de uma roseta de grande campeão impacta em duas a três vezes no valor do animal”, complementa Pablo.
Flávio Humberto Tusinho, 71, agricultor e pecuarista, da cabanha Nova Esperança, de Glorinha (RS), foi laureado grande campeão adulto na raça Pardo Brasil, com o touro Brusque. Para Tusinho, a genética é a chave do negócio.
“Em 1991, eu comecei a criar o Pardo Suíço, mas, de 2014 para cá, comecei a trabalhar nesta nova raça que cruza sangue do zebu (Pardo Brasil). Este touro (Brusque) está com 2 anos e meio e pesa mil quilos. É um animal de ponta, de alta genética. E pode gerar negócios até em coleta de sêmen. Digamos: um animal de 10 mil reais chega a 20, 30 mil reais. Essa premiação mostra que eu estou no caminho, certo, né?”, se alegra Tusinho.
Paulo Roberto Pavin, 62, proprietário da Estância Renascer, da Barra do Quaraí (RS), estava vibrante com a vitória do touro Milei, como grande campeão da raça Red Brangus, com 2 anos e 800 quilos.
“A grande vitória é da raça Brangus. Este é um processo seletivo que é extremamente importante para toda pecuária nacional. Esse indivíduo (Milei) traz toda essa melhoria genética. Tem aval do título para se possa reproduzir ele através do sêmen. Isso, a roseta da Expointer agrega”, afirma Paulo Roberto.
Já o filho de Paulo Roberto, o médico veterinário Leonardo Pavin 35, é diretor comercial da empresa de biotecnologia, Renascer, de Uruguaiana (RS), uma das 20 centrais de inseminação artificial que atuam no Brasil. A roseta mais que duplicou tanto o valor do animal (Milei) quando o do sêmen do touro: “As doses dele, comercializamos aqui nos três primeiros dias da Expointer por 35 reais. As doses pós-premiação chegaram a 78 reais”, diz Leonardo.
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“Mas mais importante do que a premiação, é ver as pessoas comprando. O Rio Grande do Sul passando por estas coisas horríveis que aconteceram (por conta das enchentes de maio), a gente está aqui numa Expointer lotada. O cliente está vindo”, pondera o diretor comercial.
O relatório Index, do primeiro semestre de 2024, publicado pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) identifica 3.369 municípios, trabalhando no segmento de corte, e 3.489, no leite. Na aptidão de corte, por exemplo, o mercado de exportação de sêmens brasileiros chega a 11 países: Venezuela, Colômbia, Equador, Honduras, Guatemala, Panamá, Costa Rica, Bolívia, Paraguai, Angola e Paquistão.
Fernando Veloso, 49, médico veterinário, é diretor do conselho da ASBIA, entidade criada em 1974, traçou uma estimativa do mercado de inseminação artificial no Brasil. “É um mercado que cresceu muito. Uma curva ascendente que vem superando a casa das 25 milhões de doses, por ano, alcançando mais de 20% do rebanho nacional. De cada 10 vacas, 2 são inseminadas artificialmente. No Rio Grande do Sul, há uma adesão maior: 30%”, afirma Veloso. Ele calcula que estimando um valor baixo (por cada dose, entre 20 a 50 reais), somando somente a comercialização de sêmen de corte e leite, o mercado chega a cerca de R$ 1 bilhão de reais por ano.
Mas nem só de grandes campeões se estrutura essa cadeia produtiva.
“O Reservado Grande Campeão Sênior Braford foi vendido aqui na exposição, após o julgamento, por R$ 160 mil reais. Antes, valia entre 15 a 20 mil reais. E ele sairá daqui para coleta de material de sêmen para estes investidores”, comenta diretor do conselho da ASBIA.
Veloso lembra o papel da área pública na criação deste mercado, através da atuação da Central de Reprodução e Inseminação Artificial, a CRIA, um serviço que foi criado em 1946.
“Foi muito estimulada pela nossa Secretaria da Agricultura. Uma das primeiras centrais do Brasil foi instalada aqui dentro do parque de exposições Assis Brasil, na década de 1970. A CRIA era uma empresa pública para o fomento”, lembra Veloso. Ele lembra que terminava a Expointer e os campeões, bovinos de corte e de leite, e os bubalinos, saíam do pavilhão e lá no fundo, perto do Portão 15, ali havia uma central pública, uma das grandes responsáveis pela difusão da técnica.
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A confecção das rosetas
A fabricação das rosetas que desfilam com os grandes campeões da Expointer é feita por uma empresa familiar, a Eco Arte, de Triunfo (RS). Wilson Kuhn Garcia, o Júnior, 42, ao lado da esposa, Solange Abreu, 40, e do irmão, Leandro Garcia, toca os negócios da família, atendendo à demanda da Seapi e da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) para entregar o material para a feira.
“Aqui trabalham um total de 10 pessoas. Seis na fabricação dos troféus, pastas e medalhas, e quatro, na parte das rosetas. Começamos esta parte, em 2017. Trabalham aqui o pessoal da família e alguns funcionários. E, graças a Deus, a gente vai expandindo o mercado”, avalia Júnior.
Fonte: agrolink