A catástrofe climática de maio causou grandes perdas na agropecuária do Rio Grande do Sul, afetando a bovinocultura de leite. Além do desastre, o outono de 2024 foi marcado por elevada umidade relativa do ar e grandes variações térmicas, prejudicando a produção leiteira e causando desconforto nos animais. De acordo com o documento, elaborado pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA/Seapi), que analisou as condições meteorológicas do período, incluindo precipitação pluvial, temperatura e umidade do ar. Utilizando o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), o relatório detalha as faixas de conforto e desconforto térmico enfrentadas pelos animais e os efeitos adversos na produção de leite.
As enchentes de maio resultaram na morte de animais e dificultaram a coleta e comercialização do leite devido à impossibilidade de ordenha e falta de acesso às propriedades em diversas regiões. “Além desse enorme prejuízo, as condições climáticas do outono causaram desconforto térmico aos animais, especialmente em março, contribuindo para a queda na produção de leite”, explica Adriana Tarouco, pesquisadora e coautora do comunicado.
Ao longo do trimestre, temperaturas do ar, umidades relativas e amplitudes térmicas elevadas provocaram estresse térmico nos animais, com destaque para março, onde apenas 49,7% do período registrou conforto térmico. “Em 6,6% do mês, os animais enfrentaram condições perigosas à vida”, acrescenta Tarouco.
A região de São Borja/Baixo Vale do Uruguai apresentou o menor percentual de horas de conforto térmico no trimestre, com apenas 28,9%. Em março, cinco municípios registraram valores abaixo de 40%, enquanto em abril, três municípios tiveram percentuais abaixo de 60%. Em maio, todas as regiões superaram 80% de horas em conforto térmico.
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As condições meteorológicas adversas de outono afetaram mais severamente vacas de maior produtividade. “Para vacas produzindo entre cinco e 20 quilos diários, as maiores perdas ocorreram em Campo Bom e Uruguaiana, com uma redução de até 3,9 quilos por dia em março, e em Santa Maria, com queda de quatro quilos diários em maio”, detalha Adriana.
Entre as vacas com produção diária de 25 a 40 quilos, a menor queda foi registrada em Vacaria, em maio, com redução de 2,4 quilos para vacas de 25 quilos diários. A maior perda também foi em maio, em Santa Maria, onde vacas com produção de 40 quilos diários tiveram uma queda de 6,9 quilos por dia. Em março, 62,5% dos municípios avaliados registraram quedas superiores a seis quilos diários para vacas com produção média de 40 quilos.
Fonte: agrolink