Mercado de milho entra em ciclo de preços mais baixos


Os últimos dois anos do mercado de milho foram marcados por uma mudança significativa de cenário, com a transição de um ambiente altista para um ciclo claramente mais defensivo e pressionado por preços. Segundo análise técnica e fundamental da TF Agroeconômica, esse movimento foi observado tanto no mercado internacional quanto no Brasil, refletindo alterações profundas na dinâmica de oferta, demanda e formação de preços.

Em 2024, o mercado ainda encontrou sustentação em riscos climáticos, estoques mais apertados e incertezas geopolíticas, o que manteve níveis de preços mais elevados e margens positivas ao longo da cadeia. Já em 2025, a recomposição da oferta global, impulsionada por safras robustas nos Estados Unidos e no Brasil, além da forte expansão da safrinha brasileira e da normalização climática, passou a exercer pressão estrutural sobre as cotações. O resultado foi uma queda consistente dos preços, compressão de margens e mudança no poder de barganha entre os agentes.

Do ponto de vista técnico, o mercado formou um topo relevante no primeiro ano e passou a registrar topos descendentes e fundos mais baixos, consolidando uma tendência baixista no segundo período analisado. A volatilidade, elevada no início por fatores climáticos, conflitos e energia, deu lugar a movimentos mais técnicos e ralis curtos, com dificuldade de sustentação acima das resistências. O comportamento dos preços passou a responder mais aos fundamentos de oferta do que a choques de demanda.

Nos fundamentos, a reconstrução gradual dos estoques globais e estoques finais menos apertados reduziram o prêmio de risco climático. A demanda global cresceu em ritmo mais lento, com consumo de ração sensível a preço e perda de protagonismo do etanol como fator de alta. O câmbio ajudou a sustentar os preços internos, mas sem força para reverter a tendência, enquanto o petróleo teve efeito apenas pontual.

Esse novo ambiente afetou os agentes de forma distinta. Produtores sentiram a perda de margem no segundo ano, especialmente aqueles que postergaram vendas, enquanto cooperativas adotaram postura defensiva para administrar fluxo e estoques. Comerciantes atuaram de forma mais técnica, com ganhos ligados a arbitragem e logística. Indústrias de amido, etanol e ração foram beneficiadas pelo milho mais barato e maior previsibilidade, e os exportadores ganharam relevância como principal canal de escoamento do excedente. A leitura final aponta para um mercado que deixou o ciclo excepcionalmente altista e passou a exigir disciplina comercial, uso de hedge e foco em margem.
 

Fonte: agrolink

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