As pragas que afetam as culturas de soja e milho no Brasil são um desafio crescente para os produtores, comprometendo a produtividade. Pedro Guedes, analista de desenvolvimento de mercado da Ballagro, explica em entrevista como essas lagartas podem ser identificadas, o impacto que causam e as soluções tecnológicas que despontam para combater a ameaça, como a adoção da tecnologia BT e o manejo biológico.
Principais pragas e identificação no campo
Guedes destaca que a Spodoptera frugiperda, conhecida como lagarta-do-cartucho, é a mais prejudicial para a cultura do milho. “Ela ataca todas as fases da planta, sendo especialmente crítica no início da lavoura. É comum encontrar lagartas em diferentes estágios de desenvolvimento na mesma planta, o que aumenta o impacto sobre a produtividade”, explica o especialista. A identificação dessa praga pode ser feita observando um “Y” invertido na cápsula cefálica da lagarta.
Na cultura da soja, os principais desafios vêm das espécies Chrysodeixis includens e Anticarsia gemmatalis, conhecida como lagarta-da-soja, além da Helicoverpa armigera. “Essas lagartas apresentam coloração esverdeada com listras esbranquiçadas, e o uso de armadilhas de feromônio é fundamental para a identificação precisa no campo”, orienta Guedes.
Impacto nas lavouras e prejuízos
O impacto dessas lagartas na produtividade é severo. Segundo Guedes, a lagarta-do-cartucho pode causar perdas de até 50% na cultura do milho. Na soja, as espécies mais comuns podem reduzir a produção entre 30% e 40%. “Essas perdas são significativas e exigem que o produtor adote estratégias eficazes de controle para minimizar o dano econômico”, alerta o analista.
Tecnologia BT como aliada no manejo integrado
Uma das ferramentas mais eficazes para o controle dessas pragas é a tecnologia BT (Bacillus thuringiensis). “A BT trouxe um avanço no manejo integrado de pragas, tanto com plantas transgênicas quanto com bioinseticidas à base de BT”, afirma Guedes. Ele ressalta que essa abordagem reduz a resurgência das pragas e ajuda a evitar o desenvolvimento de populações resistentes.
Desafios no manejo e importância do refúgio
Guedes também alerta sobre a necessidade de adotar áreas de refúgio no plantio de transgênicos. “Infelizmente, muitos produtores não aplicam essa prática, o que favorece a seleção de populações resistentes e gera relatos de quebra da tecnologia BT em soja e milho”, pontua.
O analista sugere a utilização combinada de bioinseticidas à base de BT, como os produtos da Ballagro, para ampliar a eficácia. “Os bioinseticidas oferecem modos de ação diferentes, atacando tanto o intestino da praga quanto promovendo infecções generalizadas através dos esporos, o que diminui a chance de resistência”, destaca Guedes.
Perspectivas para o futuro
Combinando estratégias como a adoção do refúgio e o uso de bioinseticidas, a expectativa é que os produtores possam reduzir as perdas e aumentar a produtividade de forma sustentável. Guedes conclui: “A integração de tecnologias e o manejo responsável são essenciais para garantir a eficiência no controle das pragas e preservar a rentabilidade das lavouras”.
Veja a entrevista na íntegra
Fonte: agrolink