Imprecisão em diagnósticos prejudica tratamentos de autismo e déficit de atenção


O Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são comumente confundidos por apresentarem sintomas semelhantes e que podem comprometer o comportamento, o aprendizado, o desenvolvimento emocional e as habilidades sociais de quem os possui.

Com o objetivo de que eventuais casos sejam corretamente diagnosticados e encaminhados para tratamento especializado com a maior brevidade possível, incluindo o fornecimento gratuito de medicamentos, o deputado Carlos Cezar (PL) apresentou um projeto de lei prevendo a criação de uma Política Estadual de Atenção às pessoas com as duas condições genéticas.

Classificados como transtornos de neurodesenvolvimento, o TEA e o TDAH geram dificuldades na regulação emocional, habilidades sociais, problemas de atenção e desajuste nas atitudes. Seus portadores, normalmente, necessitam de mais tempo para se familiarizar com novos ambientes e pessoas; e demandam o estabelecimento de rotinas com apoio visual, organização, e intervalos entre as tarefas, além de uma maior necessidade de receberem elogios, estímulos sensoriais e praticar atividades físicas e artísticas.

Garantia de diagnóstico e tratamento

Segundo artigo da médica psiquiatra Aline Rangel, especialista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o TEA e o TDAH podem coexistir; porém, os sintomas do Déficit de Atenção e Hiperatividade costumam se sobressair, o que dificulta o diagnóstico do autismo. “Embora realmente existam similaridades, não se deve colocar o TEA e o TDAH no mesmo pacote. É importante saber distingui-los, pois, como são diferentes, a forma de lidar com cada um dos problemas também deve ser distinta”, explica.

Com a proposta da criação de uma Política Estadual de Atenção aos Portadores de TEA e TDAH, o deputado Carlos Cezar busca garantir condições para um diagnóstico correto das duas condições genéticas e, o mais breve possível, e para encaminhamento do paciente para tratamento multidisciplinar, nas áreas de Fonoaudiologia, Psicologia, Terapia Ocupacional, entre outros profissionais de saúde.

O projeto de lei prevê ainda o fornecimento gratuito pelo SUS do Metilfenidato, medicamento usado no tratamento de TDAH, porém indisponível nas farmácias da Rede Estadual de Saúde. “É indispensável que os dois tipos de transtorno não apenas sejam diagnosticados precisamente, mas que recebam encaminhamento adequado o quanto antes, de preferência, ainda na infância. Com a criação de uma Política de Atenção permanente, pretendemos levar informação e garantir as melhores condições de tratamento a todas as famílias, em especial, as de menor faixa de renda”, ressalta o deputado.

Algumas diferenças

As pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), geralmente possuem maior dificuldade em utilizar a linguagem, se expressar através da fala e compreender a comunicação não literal, por exemplo, expressões faciais, gírias e gestos. O autista pode se isolar com mais frequência e apresenta maior sensibilidade a sons, gostos, cheiros, texturas, entre outras sensações.

Já quem possui Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) têm melhor interpretação, embora tenha mais dificuldade de concentração, se distraia com facilidade e apresente comportamento mais impulsivo e agitado. Geralmente, pessoas com TDAH conseguem lidar melhor com situações de interação social, embora sejam fortemente desatentas e hiperativas.

Após protocolado, o projeto de lei do deputado Carlos Cezar passará por análise das Comissões Permanentes da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

O projeto agora será apreciado pelas comissões da Alesp e acredito que será bem recebido pelos demais deputados e, futuramente, venha a ser aprovado pelo plenário.

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