Na última semana, o mercado da soja no Brasil foi marcado por um cenário de desvalorização do Real, que chegou a ultrapassar os R$ 5,50 por dólar em certos momentos. Apesar disso, os preços da soja continuaram a recuar. No Rio Grande do Sul, a média de preços fechou a semana em R$ 119,02 por saco, enquanto nas principais praças do estado os valores variaram entre R$ 116,00 e R$ 117,00. Nas demais regiões do país, o preço oscilou entre R$ 113,00 e R$ 121,00 por saco.
Segundo dados da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA), ainda as primeiras projeções nacionais para a próxima safra de soja. De acordo com o relatório, espera-se um aumento de 1,9% na área semeada, atingindo um recorde de 47,33 milhões de hectares. Com condições climáticas favoráveis, essa área pode permitir uma produção recorde de 171,5 milhões de toneladas, cerca de 20 milhões a mais que a safra anterior, que foi parcialmente frustrada.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) revisou suas estimativas de produção para a última safra, indicando um volume final colhido de 153,2 milhões de toneladas, superior ao indicado por outras consultorias privadas. A Abiove também apontou que os estoques finais de soja no corrente ano comercial devem fechar em 4,8 milhões de toneladas. As exportações brasileiras do produto somariam 97,8 milhões de toneladas, e o esmagamento interno, 54,5 milhões, com uma exportação total de farelo de soja prevista para 21,7 milhões de toneladas em 2024.
Estudos da consultoria Cogo Inteligência em Agronegócios revelam que muitos produtores de soja no Brasil ainda conseguem margens positivas, apesar das dificuldades. No Cerrado, por exemplo, a margem bruta sobre o custo operacional está em 27%, o que representa cerca de US$ 350,00 por hectare. Contudo, essas margens são consideravelmente menores em comparação aos US$ 1.000,00 por hectare durante os altos preços na pandemia. Grande parte dessa positividade se deve à estratégia de comercialização, onde os produtores vendem sua produção de forma escalonada, construindo uma média de preço.
Entretanto, as vendas antecipadas para a nova safra estão atrasadas, atingindo apenas 20% da produção esperada, contra uma média histórica de 30% a 35% para o período. A compra de insumos também está em aberto para 25% a 35% dos produtores. A recente desvalorização do Real piorou a relação de troca, deteriorando o poder de compra dos insumos e, consequentemente, as margens para aqueles que ainda não haviam adquirido seus insumos antes da desvalorização da moeda. Quem comprou insumos há três meses pagou cerca de 30% menos, enquanto agora, quem deixou para última hora enfrenta preços mais altos e margens mais apertadas.
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O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) informou que a estimativa de custeio da soja para a safra 2024/25 no Mato Grosso chegou a R$ 3.983,89 por hectare, um aumento de 0,54% em relação ao mês anterior, devido ao aumento nos preços dos fertilizantes e corretivos, especialmente macronutrientes. O Custo Operacional Efetivo (COE) apresentou um incremento de 0,44%, estimado em R$ 5.511,79 por hectare. Para cobrir esses custos, o Imea estima que os produtores do Mato Grosso precisariam negociar a soja a pelo menos R$ 95,08 por saco ou alcançar uma produtividade mínima de 53 sacos por hectare.
No Cerrado, o ponto de equilíbrio para quem já comprou insumos está em 51 sacos para pagar o custo operacional efetivo, com uma sobra de 14 sacos se a produtividade alcançar 65 sacos por hectare, semelhante à safra passada. Para arrendatários, no entanto, essas margens não são suficientes para cobrir os custos. A gestão eficiente da propriedade e da cultura da soja continua sendo essencial para manter a sustentabilidade econômica dos produtores.
Fonte: agrolink