A qualidade do algodão é diretamente influenciada pelo controle da umidade durante todo o processo de produção, desde a colheita até o beneficiamento final. Roney Smolareck, Engenheiro Agrônomo e Agente de Relacionamento Institucional e Governamental da Motomco, destaca a importância desse controle em diferentes etapas, assegurando que a fibra tenha resistência e comprimento adequados para a indústria têxtil.
Roney explica que o monitoramento da umidade começa no campo, ainda durante a colheita. “O produtor deve estar atento à umidade da fibra, pois essa característica impacta diretamente na qualidade final do algodão”, afirma. Segundo ele, fibras mais úmidas tendem a ser mais frágeis, o que pode resultar em danos durante o processo de colheita e, consequentemente, em uma qualidade inferior do produto final.
Após a colheita, o algodão segue para a algodoeira, onde o teor de umidade precisa ser ajustado para garantir a eficiência do beneficiamento. “A umidade ideal na algodoeira varia entre 8% e 12%, o que permite a remoção adequada do caroço sem comprometer a integridade da fibra”, esclarece Roney. O processo de humidificação e secagem é crucial para assegurar que a fibra esteja nas condições ideais para o descaroçamento.
Um dos principais desafios enfrentados pelos produtores é a colheita do algodão em condições de alta umidade. De acordo com Roney, a fibra muito úmida não só é mais suscetível a quebras, mas também pode favorecer o crescimento de fungos, resultando em uma coloração indesejada no algodão. “O algodão amarelo, que não tem uma coloração natural, é um indicativo de problemas durante o armazenamento, geralmente causados por alta umidade”, comenta.
Além disso, o algodão é comercializado por peso, e a umidade excessiva pode levar a um aumento temporário no peso do produto. “Embora o algodão mais úmido pese mais, essa vantagem é ilusória, pois o excesso de umidade precisa ser descontado posteriormente, gerando custos adicionais e prejuízos ao produtor”, alerta Roney.
Para garantir a qualidade do algodão, a adoção de tecnologias de monitoramento e controle da umidade é essencial. “Hoje, o mercado dispõe de medidores de umidade que são utilizados tanto na colheita quanto na algodoeira”, destaca Roney. Esses equipamentos permitem que o produtor ajuste o teor de umidade do algodão, assegurando que ele atenda aos padrões exigidos pela indústria têxtil.
Além das técnicas de monitoramento e controle de umidade, o Instituto Mato-grossense do Algodão (IMA) destaca na sua Circular Técnica a importância de um gerenciamento criterioso em todas as etapas do beneficiamento. Segundo o documento, manter a umidade entre 6% e 8% durante o enfardamento do algodão é essencial para preservar a qualidade da fibra. Esse intervalo é considerado ideal para evitar problemas como o crescimento de fungos e a perda de resistência, que podem comprometer tanto a integridade quanto o valor comercial do produto.
Outro dado relevante apresentado pelo IMA refere-se ao impacto da umidade no peso do algodão. A Circular Técnica aponta que o controle inadequado da umidade pode resultar em prejuízos financeiros, pois o excesso de umidade pode inflacionar o peso do algodão de forma artificial, gerando custos adicionais no transporte e na comercialização. Assim, o monitoramento constante e o ajuste preciso dos níveis de umidade não são apenas práticas recomendadas, mas essenciais para a sustentabilidade econômica da produção de algodão.
O controle da umidade é um dos pilares para garantir a qualidade do algodão desde o campo até a indústria. A utilização de tecnologias adequadas para monitorar e ajustar o teor de umidade durante o processo produtivo é fundamental para assegurar que a fibra atenda aos padrões exigidos pelo mercado. Com a adoção dessas práticas, os produtores podem melhorar a eficiência do beneficiamento e garantir um produto final de alta qualidade.
Fonte: agrolink