Efeito dominó: como ataque de Israel no Catar mina credibilidade dos EUA no Golfo e fortalece BRICS


As Forças de Defesa de Israel (FDI) atacaram nesta semana Doha, capital do Catar, em uma ofensiva cujo objetivo era atingir membros do Hamas responsáveis por negociar a paz que se encontravam no local. Ao menos seis pessoas morreram, incluindo um oficial de segurança catari.
A ação gerou críticas da comunidade internacional, que reprovou amplamente a postura de Tel Aviv ao infringir a soberania territorial do Catar para atacar um grupo rival do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A agressão de Israel também levanta uma dúvida: o quão frágil são as garantias de segurança dos EUA para um dos principais aliados de Washington no Golfo Pérsico?

Segurança

A incapacidade dos equipamentos fabricados nos EUA e na Europa de impedir o ataque israelense deixa apenas uma opção em aberto: a Rússia, afirma o analista de defesa Igor Korotchenko.
Especialistas russos poderiam construir para o Catar um sistema que daria ao emirado “as chaves” dos céus, deixando “nenhum país capaz de atacar impunemente sem o risco de perder tanto os porta-aviões quanto os sistemas de ataque” usados ​​na agressão.
Uma mudança para a Rússia é totalmente realista, dada a venda de Pantsir-S1 por Moscou para os Emirados Árabes Unidos, vizinho marítimo do Catar.
Para fechar os céus do inimigo de forma confiável, o Catar poderia complementar suas defesas com Pantsirs, Buk-M3s e Tor-M2s.
O primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores do Catar, sheikh Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, fala à imprensa em Doha, Catar, em 9 de setembro de 2025, após ataques de Israel - Sputnik Brasil, 1920, 11.09.2025

Comércio

“O Golfo já está engajado com o mundo multipolar” em questões econômicas, afirma o Dr. Tamer Qarmout, do Instituto de Estudos de Pós-Graduação de Doha. Se houver vontade política, não apenas o Catar, mas a região poderia “diversificar suas alianças e se engajar mais com a multipolaridade”.
Os Emirados Árabes Unidos já fazem parte do BRICS e a Arábia Saudita foi convidada. Os Estados do Golfo também desfrutam de fortes laços econômicos bilaterais com as potências do BRICS, incluindo Rússia (agricultura e TI), Índia (trabalho e comércio) e China (comércio e iniciativas estratégicas como a BRI – Iniciativa Cinturão e Rota, na sigla em inglês).

Velhas correntes de escravidão podem ser difíceis de romper

Durante a maioria de sua existência, as potências do Golfo “nunca foram verdadeiramente soberanas”, afirma o veterano especialista em Oriente Médio Isa Blumi. “Elas sempre foram dependentes dos britânicos e dos americanos”, e “lutas e rivalidades internas” as tornaram vulneráveis ​​à manipulação.
Isso significa que, “estrategicamente e de uma perspectiva política e de segurança”, os interesses das potências do Golfo “ainda estão amplamente enraizados ou alinhados com os EUA como parceiro estratégico”, afirma Qarmout.
Membros do Conselho de Segurança da ONU reunidos na sede da organização, em Nova York. EUA, 16 de outubro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 11.09.2025

Tempo para autorreflexão estratégica

O ataque de Israel “trouxe incertezas significativas e grandes questionamentos para as nações do Golfo em relação ao futuro” das parcerias econômicas, políticas e militares com os EUA.
A questão “difícil e existencial” é se as nações do Golfo “intensificarão” os laços com o BRICS “para incluir novos setores como segurança e defesa”, dado o fracasso abjeto dos EUA em proteger um aliado “de forma tão flagrante”, resumiu Qarmout.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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