Mais de 20 pessoas morreram neste domingo (1º) no sul da Faixa de Gaza, perto de um ponto de distribuição de ajuda humanitária operado por EUA e Israel, segundo autoridades de saúde palestinas. O incidente ocorreu em Rafah, onde multidões famintas se reuniam em busca de alimentos. A Sociedade do Crescente Vermelho palestino relatou que retirou pelo menos 23 mortos e 23 feridos, todos vítimas por armas de fogo.
Ainda não está claro quem foi responsável pelos disparos. O Exército israelense afirmou não ter conhecimento de feridos por suas tropas dentro do local de distribuição, mas não descartou tiroteios nas proximidades. O grupo Hamas acusou Israel de atacar civis que buscavam ajuda. Segundo o The New York Times, não foi possível verificar de forma independente as circunstâncias do ataque.
O episódio ocorre em meio à implementação de um novo plano israelense para reorganizar a entrega de ajuda humanitária em Gaza. O sistema, operado por empreiteiros norte-americanos em quatro locais no sul do território, visa impedir que o Hamas confisque suprimentos — algo que o grupo palestino afirma não fazer. No entanto, agências humanitárias criticaram a medida, alegando que ela politiza a ajuda e pode consolidar o controle israelense sobre Gaza.
Apesar de alguns dias de distribuição terem ocorrido sem incidentes, houve momentos de caos, incluindo disparos de advertência por parte das forças israelenses. As Nações Unidas e outras organizações humanitárias boicotaram os novos pontos de distribuição, alegando falta de evidências de que o Hamas desvie sistematicamente a ajuda.
O novo modelo foi elaborado por militares israelenses e prevê que soldados protejam os perímetros dos centros de distribuição, enquanto contratados dos EUA supervisionam a entrega dos alimentos. A Fundação Humanitária de Gaza, responsável pela operação, negou qualquer ataque em seus locais de distribuição.
O bloqueio quase total imposto por Israel a Gaza nos últimos meses agravou a crise humanitária, com escassez severa de alimentos, combustível e medicamentos. A situação levou ao fechamento de cozinhas comunitárias e ao aumento de casos de desnutrição, especialmente entre crianças. Israel começou a aliviar parcialmente as restrições em meados de maio.
Na terça-feira (27), outro episódio de violência ocorreu em Tel al-Sultan, também em Rafah, quando multidões invadiram um ponto de distribuição. O Exército israelense afirmou ter disparado tiros de advertência para conter o tumulto. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha informou que seu hospital de campanha recebeu 48 feridos por armas de fogo, incluindo mulheres e crianças, mas não confirmou se os dois incidentes estavam relacionados.
Fonte: sputniknewsbrasil