A Nissan anunciou nesta terça-feira (13) que irá demitir 20 mil funcionários, fechar sete de suas 17 fábricas e reduzir a complexidade das peças em 70%. O ousado plano tem como objetivo estancar a sangria e evitar que a fabricante de origem japonesa vá à falência. O rápido declínio da companhia, que se encontra em estado crítico, vem sendo alardeado desde o ano passado.
De acordo com comunicado oficial, a estratégia, intitulada Re:Nissan, tem como principal meta a obtenção de lucro operacional e fluxo de caixa livre positivo até o ano fiscal de 2026. Além disso, a companhia pretende economizar 500 bilhões de ienes (R$ 19 bi em conversão direta) na comparação com o ano fiscal de 2024.
A situação da Nissan, contudo, é preocupante. Tanto é que, segundo o CFO da companhia, Jeremie Papin, a montadora teve um prejuízo operacional de 200 bilhões de ienes (R$ 7,9 bi) apenas no primeiro trimestre.
As demissões e o fechamento das fábricas irão ocorrer até o fim do ano fiscal de 2027. A Nissan, vale frisar, não informou quais unidades serão fechadas, mas deixou claro que determinados países passarão incólumes ao movimento.
“A estratégia para cada mercado específico vai posicionar os Estados Unidos, Japão, China, Europa, Oriente Médio e México como mercados-chave e adotar uma estratégia customizada para os outros mercados”, diz a fabricante de origem japonesa. Sobre o país latino-americano, o comunicado vai além, e diz que ele seguirá como “um importante polo de exportação, contribuindo significativamente para o lucro e o crescimento”.
Não à toa, a empresa já tratou de aplicar alguns dos passos de tal estratégia antes mesmo de anunciá-la. Tratou, por exemplo, de fechar, em março passado, sua fábrica na Argentina. Com isso, a picape Frontier passará a chegar ao Brasil via México.
Desse modo, tal mensagem pode deixar o nosso país em situação de alerta. Isso porque, em nenhum momento, o comunicado nos cita como um mercado de relevância. Ou seja, há margem para interpretação de que a Nissan já esteja pavimentando um “caminho customizado” para o Brasil assim como já o fez na Argentina.
Vale lembrar, contudo, que a empresa iniciou a produção em série do novo Kicks no Brasil no mês passado. A segunda geração do SUV compacto será feita na fábrica de Resende (RJ) e faz parte do ciclo de investimentos de R$ 2,8 bilhões da montadora na região. O aporte, todavia, contempla o ano de 2025.
Importante dizer ainda que a Nissan prepara o lançamento de um SUV inédito no Brasil até o fim do ano fiscal japonês — ou seja, até março de 2026. O modelo utilizará a plataforma V, do antigo Kicks que, hoje, é comercializado no país como Kicks Play.
A Nissan vive período conturbado já faz algum tempo. A companhia trocou de CEO recentemente e também mudou o modelo de aliança com a Renault a fim de ter maior flexibilidade para enfrentar a crise. A principal alteração se deu na redução na chamada participação cruzada mínima que as duas fabricantes devem ter uma na outra de 15% para 10%.
A empresa também se viu, no ano passado, meio a um frustrado processo de fusão com a também japonesa Honda. Em fevereiro, as rivais encerraram as negociações que selariam a união. Bom dizer ainda que a Foxconn, gigante do segmento de eletrônicos, “namorou” por um bom tempo a possibilidade de aquisição da Nissan. No entanto, negociações não foram adiante.
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Fonte: direitonews