Cientistas russos estudam formas de acabar com o glioma, um câncer que afeta o cérebro e a medula


Há vários anos, a professora da Academia de Ciências da Rússia, Galina Pavlova, vem desenvolvendo novos métodos de tratamento do glioma.

“O glioma tem quatro estágios. O primeiro é relativamente fácil de remover, é benigno. O segundo é um pouco mais problemático. O quarto estágio é o mais agressivo. Uma pessoa tem expectativa de vida de 12 a 15 meses“, explica.

O quarto estágio do glioma tem outro nome, é glioblastoma, esclarece a especialista.
“Ninguém encontra uma solução para este problema, apesar dos esforços titânicos feitos, e há alguns anos decidimos tratar desta questão”, acrescenta.
Infelizmente, atualmente existem poucas opções de tratamento para o glioma. Trata-se de remoção cirúrgica, radioterapia ou quimioterapia.

“Esses métodos melhoram a condição do paciente, mas não o curam. As células tumorais permanecem e começam a se dividir, o tumor cresce novamente”, continua Pavlova.

Medicamentos produzidos pela fábrica farmacêutica R-Opra, parte do Grupo R-Pharm, são vistos na linha de produção da área econômica especial Technopolis Moscow, em Zelenograd, Moscou, Rússia - Sputnik Brasil, 1920, 09.10.2024

Assim como após a remoção cirúrgica, há reincidências porque as células tumorais se espalham em diferentes direções e começam a formar um novo tumor, destaca a professora. Em relação à quimioterapia, Pavlova alerta que ela é muito dura porque mata tanto as células tumorais quanto as células saudáveis. As pessoas geralmente morrem por causa da quimioterapia em si, e não do tumor, acrescenta.
Mas mesmo após a quimioterapia, permanece certo percentual de células-tronco neurais tumorais que dão origem a um novo tumor, detalha a especialista.

“Tivemos a ideia de que deveríamos olhar o problema de um ângulo diferente. Tivemos a ideia de não matar as células tumorais”, diz.

O fato é que o tumor é formado por células imaturas. Somente este tipo de célula pode se dividir. Nesse sentido, Pavlova acredita que é preciso amadurecê-las.

“E aí [as células tumorais] vão parar de se dividir sozinhas. O maior problema é o crescimento do tumor. Se a divisão delas puder ser interrompida, o tumor vai parar“, revela.

Porém, existem 5% de células-tronco tumorais agressivas que recuperam tudo mesmo após o uso de diversos tratamentos.
“Se as matarmos, depois de um tempo tudo voltará ao normal“, esclarece.
Um assistente de laboratório usa uma pipeta para preparar o RNA do coronavírus para sequenciamento no Wellcome Sanger Institute, operado pela Genome Research em Cambridge, 4 de março de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 06.10.2024

Para ela, é um processo muito complexo que exige a criação de uma terapia especial.

“E desenvolvemos uma abordagem que pode diferenciar não apenas células tumorais, mas também células-tronco tumorais de glioma“, enfatiza. “Com aptâmeros e moléculas pequenas causamos a morte das células por apoptose, o que é muito pouco traumático para o ser humano porque é um processo natural de morte, ou seja, as células sobreviventes se diferenciam até o estado maduro”, explica.

Aptâmeros são sequências de DNA ou RNA de fita simples que se ligam especificamente a certas moléculas alvo.

A apoptose é uma via programada de destruição celular que contribui para a regulação fisiológica do organismo e se caracteriza pela eliminação de células danificadas ou desnecessárias.

Esta pesquisa ajudará a superar o glioma no futuro, resume Pavlova.

“Esse campo de pesquisa está se mostrando universal. Isso é ótimo, porque a medicina personalizada é sempre mais difícil de desenvolver, é mais cara, nem todos podem pagar. Esperamos que tenha sucesso”, concluiu.

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Fonte: sputniknewsbrasil

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