Chuvas irregulares e atrasos marcam safra de trigo no RS e PR


O cenário climático instável continua a gerar preocupações para a safra de trigo de 2024, especialmente nas regiões produtoras do Rio Grande do Sul e Paraná. Com chuvas fora de época e geadas irregulares, o plantio e desenvolvimento das lavouras enfrentam desafios que impactam diretamente a qualidade e o volume da produção. Durante o Webinar “Safra de trigo Nacional 2024”, promovido pela Associação Brasileira da Indústria do trigo (Abitrigo), especialistas discutiram o impacto dessas condições climáticas.

No Rio Grande do Sul, o plantio atrasado devido às chuvas de maio resultou em uma colheita mais lenta. Indio Brasil dos Santos, operador de mercados da Solo Corretora de Cereais, destacou que, apesar de 85% das lavouras estarem em boas condições, o excesso de chuvas no sul do estado já afeta algumas áreas.

No Paraná, a falta de precipitações entre junho e julho trouxe uma redução drástica na produtividade, conforme apontado por Carlos Hugo Godinho, coordenador da Divisão de Conjuntura do DERAL – PR. A previsão de produção no estado foi revisada de 3,6 milhões de toneladas para 2,6 milhões, uma queda de 32%. Essa situação, segundo ele, deve pressionar os produtores a venderem seus estoques rapidamente, o que pode gerar uma queda nos preços do trigo.

Enquanto o sul do Brasil enfrenta incertezas, outras regiões, como o Cerrado mineiro, também sofrem com os efeitos climáticos. Eduardo Ellas Abrahim, presidente da Atriemg, indicou que a produção de trigo em Minas Gerais caiu para cerca de 250 mil toneladas devido a uma seca prolongada, um recuo de 50% em relação ao ano passado. Por outro lado, o estado de Goiás, beneficiado pela irrigação, superou pela primeira vez a marca de 300 mil toneladas, sinalizando crescimento na região.

Já em São Paulo, o clima estabilizado favoreceu uma colheita praticamente concluída, com 360 mil toneladas previstas. Nelson Montagna, gerente de suprimentos da Anaconda S.A., sinalizou que a produção paulista mostra uma tendência de crescimento, apesar da chegada de trigo russo nos portos brasileiros, cuja baixa qualidade limita seu impacto no mercado.

Apesar dos desafios, as perspectivas futuras para o setor permanecem otimistas, com produtores já planejando o próximo ciclo de plantio, dependendo das condições econômicas e climáticas.

Fonte: agrolink

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