Uma pesquisa realizada pela Embrapa Pecuária Sudeste (SP) revelou proteínas associadas à infecção por vermes em ovinos, com foco nas raças suscetíveis, como a Dorper, e nas resistentes, como a Santa Inês. Publicado na revista Veterinary Parasitology, o estudo oferece informac¸o~es sobre os mecanismos de defesa desses animais, auxiliando na redução do uso de anti-helmínticos, medicamentos utilizados para controlar vermes, conforme informações divulgadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
De acordo com as informações, os resultados da pesquisa são fundamentais para a seleção de raças ovinas mais resistentes, uma estratégia para o controle de parasitas que afetam a produção de pequenos ruminantes em regiões tropicais. A caracterizac¸a~o das proteínas sanguíneas revelou biomarcadores dos animais que podem indicar os níveis de infecção e monitorar as condições fisiológicas e metabólicas dos ovinos, essenciais para o seu bem-estar e saúde.
Segundo a Embrapa, para identificar e quantificar as proteínas relacionadas à infecção por vermes em ovinos, a pesquisadora Ana Carolina Chagas, que liderou o estudo, aplicou a técnica proteômica à produção animal em áreas tropicais. Esse trabalho contou com a colaboração de especialistas do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa e da Universidade do Porto. A técnica proteômica permite estudar a distribuição, modificações, interações e funções das proteínas em um organismo, e foi essencial para determinar as raças e indivíduos ovinos mais resistentes à verminose, com o objetivo de mitigar os impactos negativos causados por parasitas como o Haemonchus contortus. Esse parasita, prevalente em regiões tropicais e subtropicais, é responsável por causar graves problemas de saúde nos ovinos, como anemia grave, edema submandibular e morte, afetando diretamente o desempenho e a produtividade dos animais.
Durante o estudo, os cordeiros infectados foram acompanhados semanalmente na Embrapa por 28 dias. Ao final desse período, observou-se uma diferença significativa entre as raças Dorper e Santa Inês em relação ao nível de infecção. As análises foram realizadas por meio da contagem de ovos por grama de fezes (OPG), que avalia o grau de infecção, e do volume globular (VG), que mede a anemia causada pelos parasitas, conforme informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
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De acordo com as informações da Embrapa, pesquisa revelou que a quantidade de determinadas proteínas pode ter um impacto na proteção dos animais contra a infecção e nos danos causados pelas inflamações. Algumas dessas proteínas foram encontradas em ambas as raças, mas com variações quantitativas importantes, demonstrando como a infecção pode influenciar o desenvolvimento e o ganho de peso dos cordeiros. Animais resistentes a parasitas gastrintestinais demonstram uma resposta imunológica mais rápida e eficaz, limitando o estabelecimento das larvas, suprimindo o crescimento dos parasitas adultos, diminuindo a fecundidade das fêmeas e promovendo a expulsão dos Haemonchus contortus adultos. A pesquisa utilizando a proteômica proporcionou uma nova compreensão sobre a infecção por esse parasita, permitindo diferenciar as raças estudadas, bem como animais infectados e não infectados da mesma raça.
O estudo também identificou proteínas usuais, como alfa-1-glicoproteína ácida, haptoglobina, proteína amiloide A sérica e ceruloplasmina, que estão associadas à infecção, inflamação e estresse. Além disso, foi descoberta uma rota imunológica diferente na raça Santa Inês. Proteínas relacionadas ao desenvolvimento, crescimento e acúmulo de gordura, como a Aggrecan Core Protein (ACAN), apresentaram-se reduzidas em cordeiros infectados de ambas as raças, sugerindo que essas atividades são prejudicadas pela presença do H. contortus, o que impacta negativamente a produção. No caso dos cordeiros Dorper infectados, houve um aumento na presença da gasdermina-D (GSDMD), associada à inflamação do trato gastrointestinal humano, e da proteína ligadora de guanilato (GBP). Essas proteínas, combinadas com a redução da ACAN, podem servir como biomarcadores para identificar animais infectados.
Os resultados do estudo indicam que as duas raças estudadas têm respostas metabólicas e imunológicas distintas frente à infecção. As variações quantitativas nas proteínas compartilhadas entre as raças podem contribuir para o desenvolvimento de biomarcadores, auxiliando na determinação do status de infecção dos ovinos, que poderão ser tratados de forma seletiva no rebanho. No Brasil, as doenças gastrintestinais causadas por parasitas resultam em perdas estimadas em até 27% no ganho de peso dos cordeiros e cerca de US$ 13 milhões anuais devido à mortalidade.
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Fonte: agrolink