Comunidades Guarani-Kaiowá voltam a ser atacadas no Mato Grosso do Sul


O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), informou que o ataque aconteceu no início da noite do último domingo (4) e pelo menos um indígena foi ferido por balas de borracha.

“No final da tarde deste domingo (4), perfis ruralistas nas redes sociais começaram a divulgar notícias falsas, as fake news, afirmando que os Guarani e Kaiowá ‘invadiram’ mais fazendas em Douradina (MS), indo além das sete retomadas em que já se encontram dentro dos limites da Terra Indígena Lagoa Panambi. Esta foi a senha para, no começo da noite, entre 18 e 19 horas, mais um ataque contra os indígenas ter início, desta vez na retomada Yvy Ajere. Sequer a presença de órgãos de governo intimidou os criminosos”, diz nota do Cimi.

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram caminhonetes, tratores e incêndios na área que os indígenas chamam de Retomada Yvy Ajere, no interior da área já delimitada para abrigar a Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica.
As ocupações começaram em 13 de julho e fazem parte da estratégia indígena para cobrar do governo federal a conclusão da demarcação das terras.
No sábado (3), segundo o Ministério dos Povos Indígenas, pelo menos oito pessoas ficaram feridas. De acordo com a Força Nacional de Segurança Pública, o ataque de sábado ocorreu quando a tropa deslocada para o estado para coibir a violência patrulhava outra área da região.
Em julho, o governo federal criou uma sala de situação para o monitoramento de conflitos fundiários, com foco na ação articulada entre diversos ministérios e órgãos públicos. A iniciativa foi definida após a escalada de conflitos nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul.
Ainda segundo o Ministério dos Povos Indígenas, a área destinada a abrigar a Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica foi delimitada em 2011, mas recursos judiciais impediram a conclusão do processo demarcatório e a retirada de não indígenas do local.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) afirma, por meio de nota, que a situação causa “insegurança jurídica no campo”, vitimizando indígenas e camponeses.

“Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, [atinge] terras oriundas da Guerra do Paraguai, onde o Brasil, quando obteve a vitória, alocou produtores rurais para que se mantivesse a soberania nacional. Agora, 150 anos depois, não podemos tratar esses produtores como invasores. Não podemos resolver uma injustiça criando outra”, disse o presidente do sistema Famasul e da Comissão Nacional de Assuntos Fundiários da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em nota.

Estudos da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) indicam que cerca de 12 mil hectares são terras pertencentes aos povos indígenas nessa região.
O Ministério Público Federal (MPF) está investigando a origem dos tiros. De acordo com o Hospital da Vida, em Dourados, onde os feridos foram internados, os ferimentos são compatíveis com disparos de arma de fogo e balas de borracha.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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