Nesta terça-feira (2), a Avibras anunciou que a empresa australiana DefendTex está em negociação avançada com a companhia de mísseis.
“A Avibras Indústria Aeroespacial e a DefendTex comunicam que vêm mantendo tratativas avançadas para viabilizar um potencial investimento que visa a recuperação econômico-financeira da Avibras, de forma a manter suas unidades fabris no Brasil, retomar as operações o mais breve possível e manter o fornecimento previsto nos contratos com o governo brasileiro e demais clientes”, diz uma nota da empresa brasileira divulgada hoje (2).
O comunicado ainda afirma que as duas companhias estão empenhadas “para finalizar os termos e condições específicas do investimento e manterão o mercado informado“.
No entanto, as tratativas não foram comemoradas por alguns setores e sindicatos. O Sindicato dos Metalúrgicos informou que é contra a venda da Avibras e que considera a negociação um “ataque à soberania nacional“.
A associação que representa a categoria disse ainda que seguirá mobilizando os metalúrgicos pela regularização dos salários (que estão atrasados há 11 meses) e pela “estatização da Avibras“.
“Caso a transação se consuma, o novo grupo assumirá a Avibras diante de uma mobilização histórica em curso, com luta por empregos e direitos e greve contra o atraso nos salários. Independentemente da mudança na direção da empresa, o sindicato seguirá mobilizando os metalúrgicos pela completa regularização da situação, bem como pela estatização da Avibras sob controle dos trabalhadores”, afirmou o sindicato em um comunicado.
Fundada em 1961 por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras é uma das pioneiras no Brasil em construção de aeronaves, programas de pesquisa espacial e desenvolvimento e fabricação de veículos especiais para fins civis e militares. Localizada em Jacareí, no Vale do Paraíba, faz parte do principal centro de tecnologia aeroespacial do país.
A empresa participa do Programa Espacial Brasileiro, com fabricação de motores para foguetes. Além disso, com a injeção de dinheiro público, desenvolveu capacidade de produção de armamentos e equipamentos bélicos, como mísseis, lançadores de foguetes, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e drones.
Por seu histórico, é considerada estratégica às aspirações de uma nação que quer ser soberana, recordou o Sindicato dos Metalúrgicos.
A crise na Avibras se arrasta há alguns anos. Em 18 de março de 2022, a empresa demitiu cerca de 400 trabalhadores na fábrica em Jacareí.
Na época, o Sindicato dos Metalúrgicos informou que não houve nenhum comunicado prévio ou tentativa de negociação sobre medidas para evitar as demissões, como adoção de um layoff, por exemplo.
A fábrica alegou que teve de adotar “ações de reestruturação organizacional da empresa, mantendo as atividades essenciais para o cumprimento dos compromissos contratuais assumidos junto aos seus clientes”. Ao mesmo tempo em que fez o corte, pediu à Justiça a recuperação judicial alegando dívida de R$ 600 milhões.
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Fonte: sputniknewsbrasil