Como está a malha ferroviária no Brasil?
O que é preciso para que o transporte ferroviário seja uma realidade?
“Se forem restabelecidas a política de planejamento de transporte no Brasil e, mais do que isso, mais do que o planejamento, a vontade realmente de que as obras sejam executadas, nosso país realmente vai galgar passos”, pontua.
“É muito importante estabelecer regramentos que definam normas, protocolos de segurança, que conversem com os princípios de liberdade, de direito à cidade, de garantia de dignidade no transporte público, além de ter agências de regulação que acompanhem, que monitorem a aplicação das obras de ampliação das ferrovias, que deem espaço para participação social e que possam pressionar também pela garantia de direitos, para que não aconteçam violações de direitos na produção dessas ferrovias”, destaca.
Qual é a vantagem do transporte ferroviário em relação ao rodoviário?
“O Brasil passou a ser um país eminentemente rodoviário. Há alguns anos ocorreu uma greve de caminhoneiros que praticamente paralisou o país, desabasteceu o país, mostrando a força desse modo rodoviário”, analisa, citando esse como um dos pontos que deveriam mobilizar o investimento em ferrovias.
“Minas Gerais é maior do que a França. Minas Gerais é um estado brasileiro bem servido de rodovias pavimentadas, é o segundo estado mais bem atendido nesse quesito, só perde para São Paulo. Pois bem, Minas Gerais tem 25 mil quilômetros de rodovias pavimentadas, enquanto a França tem 950 mil quilômetros de rodovias pavimentadas. Veja que coisa desproporcional”, conta Pina sobre o abismo na infraestrutura do modal.
“Como o Brasil é um país de grandes dimensões, seria um modo de transporte muito eficaz para atender não só ao mercado interno, mas também para fins de exportação. A ferrovia tem realmente essa característica de poder proporcionar um custo bem menor ao transporte dos produtos. O brasileiro paga hoje um preço muito alto, de modo geral, na sua mesa, nos seus alimentos, por questão dessa deficiência na sua infraestrutura. É o que se convencionou chamar de custo Brasil”, acrescenta.
Expansão de ferrovias passa por cumprimento de metas climáticas
“A principal oportunidade para descarbonizar o setor de transportes brasileiro é apostar em um maior equilíbrio na matriz de transportes, priorizando modais que emitam menos gases de efeito estufa, como o ferroviário e o hidroviário. Nesse esforço, a conclusão das principais obras de infraestruturas do país ligadas à adoção de novas tecnologias poderá gerar até 13,7% menos emissões de poluentes provenientes do transporte de mercadorias”, disse o secretário.
“Isso tem relação com o compromisso que o governo ainda tem com as empresas automobilísticas, mas está longe de ser a solução para a integração entre os modais. O Brasil precisa avançar em modelos que possibilitem zerar a emissão de carbono, que estejam conectados com a demanda de novas fontes de energia renovável; o transporte ferroviário sobre trilho, principalmente pensando no transporte terrestre, é central para essas soluções”, completa Albergaria.
Fonte: sputniknewsbrasil