O Departamento de Justiça dos Estados Unidos fechou um acordo com a Cummins, fabricante de motores, para fazer o recall de 630 mil caminhonetes da Ram após a empresa instalar ilegalmente um software nos motores a diesel dos veículos para burlar testes de emissões de poluentes. Ainda houve uma multa de US$ 1,7 bilhão, o equivalente a R$ 8,3 bilhões na conversão direta, sendo a maior da história já aplicada para uma empresa na Lei do Ar Limpo dos EUA, criada em 1970.
Os modelos envolvidos no recall são das picapes Ram 2500 e Ram 3500 equipadas com motores diesel da Cummins — produzidos entre 2013 e 2019.
De acordo com o documento divulgado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em conjunto com a Agência de Proteção Ambiental (EPA), o Conselho de Recursos Aéreos da Califórnia (CARB) e o Gabinete do Procurador-Geral da Califórnia, a Cummins concordou em pagar multa por danos civis e ambientais de US$ 1,7 bilhão – da Lei do Ar Limpo dos EUA – mais US$ 325 milhões para reparar as violações feitas no software para contornar os testes de emissões e requisitos de certificação. O total de multas é de US$ 2 bilhões, ou R$ 9,7 bilhões.
“O acordo, que inclui a maior penalidade civil da Lei do Ar Limpo, serve como um aviso aos fabricantes de que eles devem cumprir as leis do nosso país, que protegem a saúde humana e a saúde do nosso meio ambiente”, disse Todd Kim, procurador-geral da Divisão de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Departamento de Justiça.
A EPA descobriu o caso dos dispositivos manipuladores em motores Cummins através de testes no Laboratório Nacional de Emissões de Veículos e Combustíveis da agência. Esses procedimentos são feitos com veículos de várias fabricantes para tentar detectar qualquer tipo manipulação de emissão.
“Os gases emitidos contribuem para a formação de poluição atmosférica prejudicial e partículas finas no ar. Crianças, idosos, pessoas que praticam atividades ao ar livre e pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares estão particularmente em risco de efeitos à saúde relacionados à poluição atmosférica ou à exposição a partículas. O dióxido de azoto formado pelas emissões de NOx (estado de oxidação) pode agravar doenças respiratórias, particularmente asma, e também pode contribuir para o desenvolvimento de asma em crianças”, comunicou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
O impacto ambiental exato não é revelado, mas estimativas preliminares sugerem que milhares de toneladas óxidos de azoto foram emitidas sem necessidade.
De acordo com o documento, a Cummins deve reparar pelo menos 85% dessas caminhonetes nos próximos três anos e colocar o software adequado para o controle de emissões. Além da troca, haverá uma garantia especial para a peça. A Cummins também será obrigada a testar alguns modelos reparados ao longo de vários anos para garantir que estão atendendo aos padrões de emissões adequados dos Estados Unidos.
Como outro requisito do acordo, a empresa deve compensar totalmente o excesso de emissões que foram emitidas pelos dispositivos ilegais nos últimos anos. Para a Califórnia, o estado mais afetado do país com o problema, a Cummins fará um pagamento único ao CARB (Conselho de Recursos Aéreos da Califórnia) de pouco mais de US$ 175 milhões (R$ 853 milhões) para financiar ações ou projetos de mitigação que reduzam as emissões de NOx no estado.
Após o decreto do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, nem a Stellantis, dona da Ram, e nem a Cummins se manifestaram sobre a decisão.
A Ram vende a 2500 e a 3500 no Brasil. O motor da Cummins 6.7 turbodiesel de 6 cilindros em linha com 377 cv e 117,3 kgfm equipa a dupla. Autoesporte entrou em contato com a Stellantis, dona da Ram, para saber se os modelos oferecidos no Brasil serão afetados com o recall.
A empresa disse que veículos vendidos em nosso mercado não serão afetados. Confira a nota: “Sobre o recall mencionado, não há qualquer impacto nas unidades comercializadas no Brasil”.
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Fonte: direitonews