De acordo com o mandatário russo, no sistema das relações internacionais ocorreram mudanças tectônicas, os países da Ásia-Pacífico se tornaram centros do crescimento tecnológico.
A falta de desejo de outros países de cumprir as regras ocidentais faz com que o Ocidente tome decisões imprudentes, afirma Vladimir Putin.
Em nome da chamada união do Ocidente, aponta o líder russo, tudo está sendo sacrificado, o resultado é que as empresas são privadas de recursos energéticos e acabam por fechar.
O presidente apontou que foram os Estados Unidos que minaram as bases da ordem econômica mundial: “Ao perseguirem seus interesses, os EUA nunca se restringem em nada e não hesitem em fazer tudo para atingir seus objetivos”.
Segundo Putin, a confiança no dólar e na libra esterlina se perdeu, até os aliados dos norte-americanos estão reduzindo seus ativos em dólar, e a Rússia também está desistindo de usar essas moedas.
A enorme inflação global está sendo fomentada pela posição míope do Ocidente. De acordo com os dados do mandatário russo, a inflação nos EUA já superou os 8%. Na Rússia, está acima de 14%, mas observa-se uma tendência de redução e no próximo ano deve atingir os valores previstos.
No que se refere ao problema dos alimentos, o presidente ressaltou que a Rússia fez tudo para que os grãos ucranianos tenham sido retirados dos portos e os interesses dos países que enfrentam a fome sejam atendidos. Mesmo assim, já 345 milhões de pessoas no mundo sofrem uma falta de produtos alimentícios, isto é 2,5 vezes mais do que no ano de 2019.
Conforme Vladimir Putin, os países mais pobres estão perdendo o acesso aos produtos alimentares de primeira necessidade porque os Estados desenvolvidos os compram. Quase todos os grãos que saíram da Ucrânia foram encaminhados não aos países emergentes, mas para a UE: “Os países europeus continuam agindo como colonizadores, enganando mais uma vez os países em desenvolvimento”.
Conforme está previsto pelo Programa Alimentar Mundial da ONU, apenas duas embarcações de 87 carregando grãos foram entregues para os países mais pobres. Neste contexto, Putin prometeu falar com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e discutir a possibilidade de reduzir a retirada de grãos ucranianos que vão para o Ocidente: se os grãos forem retirados e enviados apenas para os países ocidentais, o mundo está condenado a enormes problemas e uma catástrofe humanitária, disse.
Putin afirmou que a situação econômica na Rússia se estabilizou, embora permaneçam problemas, principalmente relacionados com as importações. Mesmo assim, a Rússia sempre defenderá seus interesses nacionais, desenvolve uma política independente e aprecia estes mesmos valores nos parceiros.
Segundo ele, a maioria dos países da Ásia-Pacífico não aceita “a política destruidora de sanções”. Mais do que isso, a economia dos países asiáticos está crescendo mais rapidamente que a dos ocidentais e esta tendência permanecerá no futuro.
O líder russo também comentou a operação militar especial na Ucrânia: “Estou certo de que não perdemos nada e não perderemos. O ganho principal é o fortalecimento de nossa soberania, e isso é o resultado inevitável do que acontece agora”.
Nas palavras de Putin, há uma “certa polarização” tanto no mundo como dentro da Rússia em relação à operação. “Mas acredito que isso só nos beneficiará, porque tudo o que é desnecessário, temporário e aquilo que nos impediu de avançar será descartado, ganharemos ímpeto, ritmo de desenvolvimento. Porque o desenvolvimento moderno só pode ser baseado na soberania”, resumiu o presidente.
O Fórum Econômico do Oriente está decorrendo em Vladivostok, na parte oriental da Rússia, de 5 a 8 de setembro. A agência Sputnik é o principal parceiro de informação do evento.