Implantação da tarifa zero no transporte municipal é debatida pela Comissão de Trânsito


Richard Lourenço | REDE CÂMARA SP

Reunião da Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica desta quinta-feira (18/5)

CAROL FLORES
DA REDAÇÃO

As questões que envolvem a implantação da tarifa zero no sistema de ônibus da cidade de São Paulo foram debatidas em reunião realizada nesta quinta-feira (18/5) pela Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica da Câmara Municipal de São Paulo.

Para o deputado federal e ex-secretário de Transportes da capital paulista, Jilmar Tatto (PT-SP), a gratuidade a todos no transporte de ônibus na capital paulista é possível. Segundo ele, a tecnologia do sistema de Bilhete Único pode auxiliar no processo de gratuidade. “Já temos a tecnologia do Bilhete Único, que permite controlar a implantação da tarifa zero que pode ser iniciada por região, por linha, por faixa etária, ou ainda, quem recebe benefício social do governo. Não há dificuldade no ponto de vista tecnológico para essa implantação”, argumentou.

Já sobre o financiamento da tarifa zero, o deputado argumentou que o município conta com condições econômicas para viabilizar o sistema. “A Prefeitura tem capacidade orçamentária de fazer a tarifa zero acontecer. Também tem a opção de buscar novos recursos como a universalização do vale-transporte onde os empresários pagam para todos os funcionários, ou realizar cobranças dos usuários de carros particulares assim como é feito com os carros de aplicativos”, explicou o Jilmar Tatto, que ainda ressaltou que o dinheiro que o usuário economizará no transporte será injetado na economia local.

Além de realizar economia financeira para os usuários, a tarifa zero pode auxiliar na redução do tempo de deslocamento na capital paulista. É o que acredita o coordenador de relações institucionais da Rede Nossa São Paulo, Igor Pantoja. Segundo ele, atualmente os paulistanos gastam em média 1h50 em deslocamento na capital e este tempo de deslocamento aumenta para as pessoas que vivem na região leste da cidade, chegando a 3h03, e essa quantidade de tempo pode diminuir já que com a gratuidade mais pessoas optarão pelo ônibus desafogando o trânsito. “Quando se tem um transporte gratuito as pessoas vão utilizar mais e isso reflete na diminuição de veículos individuais no trânsito. Uma proposta como a tarifa zero pode contribuir para essa redução”, destacou.

Outro fator defendido por Pantoja é de que a gratuidade possa diminuir as desigualdades. Segundo uma pesquisa feita pela Rede Nossa São Paulo, 43% dos entrevistados deixam de visitar amigos e familiares por falta de condições financeiras para pagar o transporte, 40% deixam de ir a parques ou cinema, 32% não vão a consultas médicas, 30% não consegue ir procurar emprego e 17% não vão à escola ou universidade. “Essa é a principal política que pode impactar na redução das desigualdades, porque a tarifa zero pode garantir que as pessoas acessem alguns direitos”, explicou.

Pantoja também destacou a questão da lotação no transporte público da cidade. Segundo ele, a gratuidade não é fator para que haja ampliação na superlotação. “Tudo depende do modelo de remuneração das empresas. Hoje, as empresas recebem por passageiro, mas se tivermos um modelo de remuneração que as empresas recebam pela disponibilidade do transporte ou quilômetros rodados será diminuída a quantidade de pessoas transportadas em cada ônibus”, explicou.

Um estudo do IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor) apontou a viabilidade de um sistema único de mobilidade. A analista de mobilidade urbana do IDEC, Annie Oviedo, defendeu a criação do sistema e comparou com outros semelhantes. “Assim como temos o SUS (Sistema Único de Saúde) e o sistema único da assistência social propomos que haja a construção de um sistema único de mobilidade em parceria com os governos federal, estadual e municipal e que com isso seja realizada três coisas: zero tarifa, zero emissão de poluentes e zero mortes no trânsito”, explicou.

Para o presidente da Comissão de Trânsito, vereador Senival Moura (PT) a reunião foi positiva e superou a expectativa com as sugestões apresentadas. “Tivemos várias explicações sobre a fonte de renda para movimentar a tarifa zero e outros fatores que permeiam o tema como também a geração de novos empregos”, disse.

Participaram da reunião, que pode ser conferida na íntegra no vídeo abaixo, os vereadores Adilson Amadeu (UNIÃO), João Jorge (PSDB), e Senival Moura (PT), integrantes da Comissão, e os vereadores Jair Tatto (PT), João Ananias (PT) e Manoel Del Rio (PT)

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