Institutos de pesquisa atuantes poderiam ter prevenido desastre no Litoral Norte


Carlos Giananzi (PSOL) enviou ao governador a cópia de um artigo publicado pela pesquisadora científica Helena Dutra, vice-presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, junto com um apelo pela recriação dos institutos Geológico, Florestal e de Botânica, bem como da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen).

O artigo destaca o papel que os institutos cumpriam para o enfrentamento das crises climática, hídrica e sanitária, incluindo a prevenção de tragédias, como as provocadas pela chuva no Litoral Norte de São Paulo. “A extinção de órgãos públicos de pesquisa, ocorrida nos últimos anos, comprometeu a resposta do Estado diante de catástrofes”, escreveu a pesquisadora, que é servidora pública e compunha os quadros do extinto Instituto Florestal.

No caso do Instituto Geológico, que se relaciona de forma mais direta à prevenção de deslizamentos de encostas, o desmonte vem ocorrendo há décadas. O último concurso para contratar pesquisadores foi realizado 2003. Com a fusão dos institutos em um único órgão, em 2020, se somaram à falta de pessoal o desmantelamento da estrutura e a falta de autonomia funcional. “Hoje não há carros para as equipes e a burocracia dificulta o acesso às diárias de viagens”, exemplificou.

Helena citou ações do Instituto Geológico que, se fossem reforçadas, poderiam ter evitado ou ao menos minimizado as dimensões da atual tragédia. “Em 2019, o instituto realizou um curso para agentes públicos voltado para o litoral paulista e, em 2020, entregou o mapeamento de risco da rodovia Rio-Santos no trecho entre Bertioga e Ubatuba.”

Com o fim dos 28 anos de gestão do PSDB, a Associação dos Pesquisadores Científicos tem esperança de que o novo governo adote uma postura diferente, tanto que, neste início de ano, já se reuniu com os secretários das áreas de saúde, agricultura e meio ambiente para reforçar a importância dos institutos públicos de pesquisa em benefício da sociedade paulista.

Para Giannazi, essa é a oportunidade que o governador tem de mostrar que não é um negacionista, e sim um defensor da ciência. Para tanto, deve caminhar em sentido contrário ao de seus antecessores no Estado, que extinguiram institutos e concederam áreas de preservação à iniciativa privada. “Fortalecer e instrumentalizar os sistemas de ciência e tecnologia é capacitar o Estado a fornecer uma pronta resposta à sociedade em momentos críticos, evitando mortes e danos materiais”, argumentou.

Fonte: al.sp.gov

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