Quando estou em uma agenda fora do meu gabinete, pela cidade de São Paulo ou pelos municípios do estado, uma das coisas que mais gosto de fazer é conversar com o povo. Ouvir as histórias que cada um tem para contar é o meu subsídio para trabalhar da melhor maneira pelo nosso estado.
Numa dessas visitas, na cidade de Dracena, tive a oportunidade de conversar com algumas mães de crianças e adolescentes autistas, e o que ouvi, por mais que já tenha me informado sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista), mexeu comigo de uma forma diferente. Uma das mães me relatou que o filho, já adolescente, queria se matar, demonstrando o quão difícil era para ele viver na condição de autista, num universo que ninguém o entende. Uma outra mãe usou um exemplo de cortar o coração para ilustrar o que o filho vive. Ela me disse que o sentimento dele por ela é o mesmo que ele tem por uma caneta esferográfica, ou seja, indiferente. Quanta dor nesses relatos, pois qual mãe não quer ver seu filho viver, e viver feliz, ou receber dele o mesmo amor que oferece?
Mas o que fazer para ao menos amenizar a dor dessas mães, ajudá-las a criar e educar seus filhos? Uma lei federal de 2020, batizada de Lei Romeo Mion – em referência ao filho autista do apresentador Marcos Mion -, instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, criando a Carteira de Identificação da Pessoa com TEA (CipTEA), buscando assim assegurar atenção integral aos autistas, pronto atendimento e prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados. Porém, na prática, apesar de algumas regiões terem legislação local semelhante, as mães com quem falei não têm encontrado facilidade para fazer cumprir com seus filhos o que a Lei determina. Muito triste isso! Como parlamentar, iniciando agora um novo ano legislativo, quero me aprofundar nesse tema e entender o que podemos fazer para que essas mães sejam verdadeiramente amparadas. E para isso vou continuar contando com os relatos que ouço.
O que a Ciência diz
Para a Ciência, as causas do TEA ainda são desconhecidas. Estima-se que atinja quase 2 milhões de pessoas no Brasil e de 1% a 2% da população no mundo, sendo quatro vezes mais frequente em meninos que em meninas. Não é considerado uma doença, mas uma condição relacionada ao cérebro, que afeta a maneira como a pessoa se relaciona com as outras. O diagnóstico normalmente é feito na infância, durante as consultas para o acompanhamento do desenvolvimento da criança.
O autismo é dividido em três níveis:
1- Leve: em que as pessoas são capazes de se comunicar verbalmente e ter alguns relacionamentos;
2- Moderado: em que há uma maior dificuldade nas relações sociais;
3- Severo: quando o portador geralmente não lida bem com eventos inesperados e apresenta comportamentos restritivos e repetitivos.
A única coisa de que temos certeza é que complexidade e ao mesmo tempo a singularidade do TEA não permite que ele seja definido com exatidão científica. Assim, eu fico com uma frase que um amigo próximo costuma dizer sobre o que é o autismo: “Do lado de fora, olhando para dentro, você nunca poderá entendê-lo. Do lado de dentro, olhando para fora, você jamais conseguirá explicá-lo!”
Fonte: al.sp.gov