O financiamento para que os países em desenvolvimento possam enfrentar as mudanças climáticas é o ponto mais sensível. Está definido desde a COP de Copenhagen, em 2009, mas que nunca saiu do papel. Pelo acordo, os países desenvolvidos deveriam chegar a 2020 com um fundo internacional constituído de US$ 100 bilhões anuais para as nações em desenvolvimento.
O último levantamento da OCDE, no entanto, aponta que esse valor não ultrapassou os US$ 83 bilhões. “Ainda assim contando todas as fontes, públicas e privadas e os mais diferentes programas e algo pouquíssimo transparente”, diz Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas – plataforma que reúne empresas de tecnologia, ONGs e universidades -, e observador das negociações em Sharm El-Sheik.
O fato de o fundo nunca ter sido implementado da forma prevista agrava o problema, pois agora as negociações avançam para definir os valores que deveriam ser fornecidos anualmente a partir de 2025. Pelo plano original, US$ 100 bilhões seria o valor doado a cada ano entre 2020 e 2025.
Depois disso, a doação deveria crescer. Em sua passagem de três dias por Sharm El-Sheik o presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, abordou o tema em seu primeiro discurso para a comunidade internacional. Segundo ele, que se colocou como representante dos países em desenvolvimento, já passou da hora de os países desenvolvidos cumprirem com o prometido.
NÓS
Há ainda outros nós para desatar. A questão das perdas e danos enfrenta grande resistência. O objetivo de que isso seja reconhecido é compensar os países em que os efeitos das mudanças climáticas já são irreversíveis. Alguns dos exemplos são os locais que sofrem com processos de desertificação, derretimento de geleiras ou aumento do nível do mar. “A ideia é criar um mecanismo de compensação para esses países, mas os Estados Unidos estão bloqueando essa negociação”, diz Azevedo. E não para por aí. Há ainda a discussão sobre a demonstração do progresso dos países em suas metas climáticas sendo debatidas.
“A ideia é que se crie um mecanismo que os países demonstrem o que estão fazendo, para ser acompanhado ano a ano”, diz Azevedo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.