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Gravações atribuídas ao tenente-coronel Mauro Cid, divulgadas nesta segunda-feira (17) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), indicam que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) jamais mencionou a palavra “golpe” nos depoimentos prestados em sua delação premiada. Segundo os áudios, Cid afirmou que a Polícia Federal teria incluído o termo indevidamente em sua colaboração.
As gravações foram anexadas ao processo do coronel Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro e um dos réus na investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. A defesa do coronel, representada pelo advogado Eduardo Kuntz, pediu a anulação da delação de Cid após receber do próprio militar, via redes sociais, uma série de mensagens e áudios de desabafo.
Em um dos áudios atribuídos a Cid, ele demonstra indignação:
“Esse troço tá entalado. O cara botou a palavra golpe. Eu não falei uma vez a palavra golpe. Quer dizer, foi furo, foi erro, sei lá, se até condição psicológica que eu tava na hora ali. Quando é de palavra e golpe que ele matou, eu não falei golpe uma vez em todo o meu depoimento”, disse o militar.
Ainda segundo a gravação, Cid afirma estar fazendo um desabafo, citando os impactos pessoais da investigação:
“Pega a vida de todo mundo, todo mundo tá enrolado, vê quem se f, vê quem se ferrou, quem perdeu a carreira, quem teve o pai, a esposa, a família toda investigada. Até a sogra falecida há 10/15 anos foi investigada. Meu irmão nos EUA, minha irmã, todo mundo foi investigado. Quem teve isso? Quem teve a carreira destruída?”**, questiona.
As conversas teriam ocorrido entre 29 de janeiro e 13 de março de 2024, período em que Mauro Cid estava sob medidas restritivas impostas pelo STF, que incluíam a proibição de uso de redes sociais e contato com investigados.
Parte do conteúdo das trocas de mensagens foi revelado na semana passada pela revista Veja, incluindo capturas de tela das conversas realizadas por um perfil no Instagram identificado como @gabrielar702. O advogado Eduardo Kuntz confirmou ao STF ter se comunicado com Cid nesse período, inclusive anexando uma ata notarial com 51 páginas que contém os prints das conversas.
A defesa de Mauro Cid, no entanto, nega a autenticidade das mensagens e dos áudios atribuídos ao militar. No depoimento mais recente ao Supremo, ele afirmou que não utilizou redes sociais durante o período em que estava sob medidas cautelares.
Após a revelação dos áudios, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Meta, empresa responsável pelo Instagram, informe ao STF quem estava por trás do perfil usado na conversa. Até o momento, o conteúdo das mensagens segue sendo analisado pelas autoridades no contexto da ação penal que apura a tentativa de golpe e a articulação de militares e aliados do ex-presidente.
Fonte: gazetabrasil