GUARULHOS, SP – Estreante no púlpito da ONU, o presidente do Chile, Gabriel Boric, concentrou boa parte de seu discurso na defesa do combate às desigualdades sociais e, como esperado, falou sobre o recente projeto de Constituição rejeitado nas urnas.
O ex-líder estudantil, peça-chave nas negociações para que a nova Carta Magna fosse votada, disse que agora o país busca “novas fórmulas para construir um lugar de encontro entre todos os chilenos e chilenas”.
Ele lembrou a onda de protestos sociais em 2019 que culminou na elaboração do texto e disse que as mobilizações foram fruto de desigualdades crônicas. Então, deixou o que disse ser um humilde conselho à comunidade global: “Nos anteciparmos em busca de justiça social”.
A despeito do que dizem analistas e do que ilustram recentes pesquisas, Boric refutou que a vitória do “não” na proposta de nova Constituição seja uma derrota para seu governo.
“Nunca um governo pode se sentir derrotado quando o povo se pronuncia; na democracia, a palavra do povo é soberana.”
Segundo a última pesquisa do instituto Cadem, Boric tem 38% de aprovação popular. A cifra é maior que a de semanas atrás (33%), mas menor que o índice de aprovação com o qual assumiu, em torno de 50%.
O chileno, político mais novo a assumir o Palácio de La Moneda, fez acenos ao Sul Global, em especial à América Latina. “É preciso ter uma voz unida”, disse.
Também falou em defesa do combate à emergência climática, criticou a invasão russa da Ucrânia e disse que a guerra comercial travada entre EUA e China prejudicou economias mundiais, incluindo a chilena.