Arena Pantanal é chamada de “elefante colorido” por ampla utilização após a Copa de 2014


Reportagem publicada pelo portal UOL, nesta quinta-feira (13.06), destaca a ampla utilização da Arena Pantanal e a chama de “elefante colorido”, citando que o estádio administrado pelo Governo de Mato Grosso irá receber, novamente, um evento mundial: a Copa Feminina de 2027.

A reportagem ressalta a importância do espaço para sediar os jogos das séries A e B do Brasileirão. Segundo a matéria, “os equipamentos que pareciam pouco úteis quando entraram no projeto da Copa [de 2014], como Arena da Amazônia e Arena Pantanal, ganharam seu espaço no cenário atual”.

Desde 2019, a Arena, além de receber jogos do Brasileirão, também sediou amistoso da Seleção Brasileira e foi palco da Sul Americana.

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Elefantes brancos? Estádios se reinventam e ganham vida 10 anos após a Copa

Os ditos elefantes brancos da Copa 2014 ficaram mais coloridos, dez anos depois da competição. Sobretudo com a confirmação de que dez das 12 arenas reformadas ou construídas para o Mundial serão usadas novamente na Copa Feminina em 2027.

Não que haja um mundo lindo de uso pleno dos estádios com futebol — o Mané Garrincha e a Arena Pernambuco estão aí para provar.

Mas equipamentos que pareciam pouco úteis quando entraram no projeto da Copa, como Arena da Amazônia e Arena Pantanal, ganharam seu espaço no cenário atual. No quadro mais amplo, nove dos 12 estádios são hoje casa de times que disputam as Séries A e B do Brasileirão. E só o Mané Garrincha (que virou Arena BRB) não tem um clube atrelado a si de forma constante — independentemente de divisão do campeonato. Na capital, a solução foi fazer o estádio ganhar vida mesmo sem a bola rolando.

Onde o elefante ganhou cor

Alvo de forte oposição na época da escolha das sedes, os exemplos de Manaus e Cuiabá apontam que o estádio apareceu antes mesmo do desenvolvimento do futebol nas divisões de topo. “A Arena é responsável direta pela existência do Cuiabá. Foi o que nos motivou a investir no clube”, disse Cristiano Dresch, presidente do Cuiabá, clube há quatro anos seguidos na Série A.

O clube gasta cerca de R$ 500 mil por ano na manutenção do estádio e paga 2% da renda bruta dos jogos como aluguel a cada partida. Isso envolve o gramado, por exemplo. Mas a gestão do equipamento fica por conta do governo do estado, que usa estruturas do local para abrigar alguns órgãos do Poder Executivo.

A ascensão do Cuiabá faz com que a Arena Pantanal seja usada não só em 19 rodadas da Série A, mas até em torneios continentais, como a Sul-Americana. O estádio não costuma ficar plenamente ocupado, mas o Dourado teve a 16ª média de público no Brasileirão 2023 (14.701 pagantes/jogo). O clube ficou acima do Santos, por exemplo, que tem a Vila Belmiro como casa e média de 12.147 pagantes/jogo.

No Amazonas, a Arena é considerada crucial para que um clube do estado voltasse à Série B depois de 17 anos de hiato. O Amazonas não só tem 19 rodadas da segundona para jogar por lá, como enfrentou o Flamengo na Copa do Brasil — e foi eliminado com placar apertado (1 a 0 na ida e na volta).

“A Arena é a maior obra civil do Amazonas. É o maior patrimônio imobiliário do estado. Não virou elefante branco. O futebol amazonense naquele momento (da Copa) era bem menor do que é hoje. Evoluímos muito de lá para cá. E a Arena contribuiu para isso. O público-alvo é o futebol. Se tem futebol, tem cliente. O que faz algo virar elefante branco é não usar. O legado da Copa está preservado. Se não tivéssemos a Arena, não teríamos o futebol reoxigenado como agora”, disse Rozenha, presidente da Federação Amazonense de Futebol.

Como é equipamento do estado, os clubes locais não pagam aluguel para uso. Os custos são subsidiados pelo poder público, neste caso.

Em Brasília, a alternativa é fora do futebol

O Mané Garrincha, em Brasília, é um ponto fora da curva na relação com o futebol. O cenário na capital federal é de ausência de clubes nas principais divisões. Os clubes locais não têm interesse no estádio. O Brasiliense, por exemplo, tem a Boca do Jacaré, em Taguatinga, onde a torcida já está acostumada a ir e que comporta o público dos jogos que disputa.

A solução para a administração do estádio em relação ao futebol é abrir só para as finais do estadual e, depois disso, tentar seduzir clubes de fora para mandarem jogos no Mané.

Até maio deste ano, o estádio recebeu seis jogos — até o Nova Iguaçu atuou lá contra o Internacional, pela Copa do Brasil. Em 2023, foram 14 partidas, enquanto o estádio recebeu oito em 2022.

De 2013 até hoje, o Mané Garrincha sediou 217 jogos. No Maracanã, com dois clubes, isso é facilmente atingido em cerca de três anos e meio.

O outro lado da moeda no estádio de Brasília é a aposta em eventos. De natureza diversa, não só shows. Foram mais de 180 em 2023 e 47, segundo a administração, em 2024. “Buscamos rentabilizar todos os espaços da nossa Arena também nos dias sem jogos ou eventos. Os resultados são extremamente positivos. Os nossos camarotes foram transformados em espaços comerciais para empresas se instalarem na nossa arena e em 17 meses ocupamos 100% do espaço. Hoje já temos 55 empresas e 1100 pessoas trabalhando dentro do estádio. Lançamos em maio o nosso segundo andar de escritórios, que tem fila de espera. Nos primeiros 5 meses de 2024, tivemos mais de 650 mil pessoas em nossos eventos e diversas modalidades esportivas, o que demonstra que um complexo multiuso pode ser usado em sua máxima eficiência”, disse Richard Dubois, CEO da Arena 360.

Em Pernambuco, a cidade que nunca saiu do papel

A Arena Pernambuco é um caso sério, não só porque os três principais clubes do Recife têm casa própria.

O estádio seria o centro de um projeto audacioso em São Lourenço da Mata, na região metropolitana. A transformação da área em uma cidade moderna, inteligente e revigorada. Segundo o projeto inicial do governo do estado, a ideia era investir R$ 1,59 bilhão entre 2014 e 2025, considerando recursos públicos e privados. O novo bairro seria habitado por 40 mil pessoas e contaria com hospital, centro de convenções, dois hotéis, quatro escolas, faculdade e até o Centro de Comando da Polícia. Mas nada disso saiu do papel e a área convive com as antigas mazelas.

Hoje, a Arena Pernambuco virou a casa do Retrô, um clube que tenta ascensão na Série D, e abrigo provisório do Sport, enquanto a Ilha do Retiro é reformada.

O acordo com o Náutico, logo depois da Copa, não durou três anos, enquanto o Santa Cruz não vai largar seu Mundão do Arruda.

A gestão da Arena voltou para o poder público em 2016 e valoriza o fato de que tenha abrigado 50 eventos institucionais e outros 100 eventos privados.

Natal ‘sobrou’ na Copa Feminina, mas tenta voltar

A CBF montou uma candidatura para 2027 que repetiu dez dos 12 estádios da Copa 2014.

Eleito na Fifa, o Brasil só não planejou usar Curitiba e Natal como sedes. Mas isso pode mudar em relação à capital potiguar. Politicamente, já há articulação junto à CBF. “Teve uma vistoria e o estádio não foi aprovado para entrar nesses dez. Aí, vai vir novamente uma nova vistoria, tanto para os que já tinham sido contemplados, quanto para quem ficou fora”, explicou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

A Arena das Dunas recebe jogos do América-RN na Série D e a gestão fica por conta da concessionária E2 Arenas. “Acho que o estádio hoje está em condição melhor do que na época da Copa, pelo zelo da empresa. Duvido muito que, se estivesse na gestão pública, estaria nesse estado. Mas, ao meu ver, tem que rever algumas questões de valores de utilização, para possibilitar aumento de público e maior utilização do estádio”, avalia José Vanildo, presidente da Federação de Futebol Norte-Rio-Grandense.

Apesar da ressalva do dirigente, o borderô dos jogos do América-RN na Série D mostram um aluguel de R$ 12 mil por jogo. Nas três partidas que fez em casa até agora, o clube teve renda líquida de aproximadamente R$ 30 mil.

Fonte: odocumento

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