“O primeiro deles é o combate à pobreza; uma outra questão importante, na qual o Brasil é um pivô estratégico em nível global, é a questão climática; e uma terceira é a perspectiva da governança global. Nós sabemos que o presidente Lula, muito particularmente, tem investido muito nessa perspectiva de um debate sobre a governança global, que permita, de alguma forma, a democratização dessa governança, principalmente pela inclusão de outros atores, dentre os quais o Brasil”, explica Ferreira.
“A gente sabe que as possibilidades de projeção estão favoráveis, a economia americana vem dando sinais bastante consistentes de recuperação, mas qualquer dano à economia global, qualquer que seja o motivo, traz consequências negativas para essa pretensão da agenda brasileira. De qualquer forma, se a questão da segurança e a questão econômica evoluírem positivamente, a ideia de fundos globais de combate à pobreza e de preservação ambiental, por exemplo, que estão no eixo das preocupações brasileiras, tem uma chance grande de avançar.”
Putin vem ao Brasil para o G20?
“Dessa forma, Putin, como chefe de Estado, goza de imunidades diplomáticas, o que torna muito difícil que um país que o receba, na condição de chefe de Estado, possa apreendê-lo para entregá-lo ao Tribunal Penal Internacional.”
“Nós estamos vendo, na verdade, a Alemanha tendo um decréscimo no seu crescimento econômico a partir do momento em que a opção pelo gás russo se torna mais dificultosa do que era há algum tempo. Então não há essa possibilidade concretamente, pelas questões jurídicas e pelas questões políticas […]. Eu não creio nem na captura de Vladimir Putin, seja no Brasil, seja em outro país, por exemplo, membro do BRICS, ou, por exemplo, em uma sanção ao Brasil em função de uma eventual não apreensão de Putin”, complementa.
Qual é a posição do Brasil no G20?
“Se nós tivermos uma pauta de segurança em função, por exemplo, do agravamento da guerra entre russos e ucranianos ou pela escalada do conflito israelo-palestino, isso pode, de alguma forma, ofuscar essa agenda de desenvolvimento que o Brasil quer trazer.”
O G20 já começou no Brasil
“Aconteceu já em Brasília, há cerca de uma semana, a reunião de Sherpas, que é a reunião da trilha diplomática do G20, dando início às primeiras negociações, ao estabelecimento da agenda, e também a Trilha de Finanças, essa liderada pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central”, explica Padilha.
“Esses três eixos condutores da presidência brasileira do G20 estão, de certa forma, revelados no slogan oficial do G20 brasileiro, que é ‘Construindo um mundo justo e um planeta sustentável’.”
Rio quer usar cúpula do G20 para reposicionar sua imagem
“O G20 não é um evento de massas, não são dezenas de milhares de pessoas que vêm, não esperem um legado que seja a construção de um estádio ou de uma via pública. […] o principal legado que se espera é o legado intelectual”, explica Padilha.
“O Rio tem 35 mil quartos de hotel. Isso [a realização da cúpula na cidade] estimula setores, estimula o turismo, estimula o setor hoteleiro, estimula os restaurantes. Que todos saibam que receberemos muitos visitantes em 2024, ao longo de um ano, com um perfil de tomada de decisão e influência que nos interessa. Mostra que o Rio de Janeiro pode funcionar como uma cidade global”, diz o coordenador.
Como fica a questão da segurança no Rio para a cúpula do G20?
“Uma cúpula que aconteceu sem nenhum incidente no Rio de Janeiro, no Museu do Amanhã. […] esse superciclo diplomático do Brasil, ele tem também a COP30 [Cúpula das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas], em 2025, a presidência do BRICS. Então o Brasil está em uma constelação perfeita para voltar ao mundo, e isso tudo a gente vai fazer da melhor forma possível, considerando todos os desafios e realidades que a gente enfrenta na cidade, no país e no mundo”, destaca Padilha.
Fonte: sputniknewsbrasil