Startups brasileiras atraíram R$ 108 bilhões em recursos nos últimos anos e lideram aportes na AL


As startups brasileiras receberem US$ 21,9 bilhões em investimentos (R$ 108,4 bilhões) entre 2019 e 2023, liderando os aportes na América Latina, tanto em recursos quanto em rodadas de investimento. De um total de 5.155 rodadas registradas, o Brasil foi responsável por 3.340 delas nesse período. Em toda a América Latina, os investimentos nessas empresas somaram US$ 36 bilhões (R$ 178,2 bilhões). Com mais de 13 mil startups, representando 62,9% do total da região, o Brasil lidera como polo de inovação.

Mas com a elevação das taxas de juros no mundo, o número de investidores vem caindo desde o final de 2021, numa média de quase 60%, tanto para startups que ainda estejam em estágio inicial, quando para a mais maduras. Com o o aumento da aversão ao risco, houve uma maior seletividade dos investidores em seus investimentos nessas empresas.

Os dados constam de um novo relatório “Panorama Tech”, divulgado nesta sexta-feira, e elaborado em conjunto pelo Distrito, plataforma de inovação que mapeia startups; pelo Softbank Latin America Fund, que faz parte do conglomerado japonês, que já aportou US$ 160 bilhões em startups de inteligência artificial, robótica, internet das coisas (IoT), e serviços de internet e provedores de energia limpa; e Upload Ventures, empresa que identifica e investe em empresas em estágio inicial na América Latina.

Em entrevista exclusiva ao GLOBO, Alex Clavel, que assumiu no ano passado o cargo de presidente-executivo da unidade SoftBank Group International — responsável pelas equipes de investimento dos EUA e América Latina do conglomerado japonês — disse que o ambiente regulatório brasileiro é forte, o que é fundamental para atrair novos investimentos. Segundo o executivo, há muitas oportunidades para a tecnologia ser disruptiva e agregar valor a consumidores mal atendidos.

“Estamos abertos para negócios e estamos procurando novos investimentos. Provavelmente analisamos 100 investimentos por ano e tentamos avaliar como os mercados poderão desenvolver-se nos próximos 18 meses. Este é um bom momento para investir e ter um portfólio”, afirma ele, que não detalha quanto pretende aportar no país.

Clavel está no Brasil pela terceira vez para uma rodada de conversas com os CEOS de startups que fazem parte de seu portfólio, economistas e representantes do governo.

O maior investidor da região

O Softbank tem aplicados na América Latina US$ 7,3 bilhões, o que o torna o maior investidor na região, e começa a olhar novas oportunidades de investimento, incluindo o Brasil.

O conglomerado teve um prejuízo de US$ 7,2 bilhões no ano fiscal encerrado em março, frente a perdas de US$ 12,2 bilhões no período anterior. Na América Latina, a perda foi de US$ 4,1 bilhões no ano fiscal, valor impactado pela reavaliação do valor das empresas em que o fundo investe, segundo seus demonstrativos financeiros.

Na América Latina, são 91 empresas em seu portfólio, entre elas QuintoAndar, Rappi, Creditas, banco Inter, e Nubank. O Softbank não detalha em quais delas reavaliou o valor para baixo, mas assumiu as perdas.

Segundo o relatório da Distrito, Softbank e Upload, o Brasil desponta como polo de startups na região, com 13 mil dessas empresas, representando 62,9% do total da região.

Novas regulações e grande parte da população desbancarizada possibilitaram o desenvolvimento de soluções na área financeira, destaca o relatório, e as fintechs (startups do setor financeiro) predominam no Brasil, seguida pelas retailtechs (que apresentam soluções para o varejo) e healthtechs (startups de saúde). Na América Latina, também predominam as fintechs com principal grupo de startups da região.

Unicórnios verde amarelos

O levantamento mostra que o Brasil tem o maior número de unicórnios, startups que já alcançaram valor de mercado de US$ 1 bilhão. São 24 brasileiras, contra sete no México e na Argentina, três no Chile, duas na Colômbia e uma no Equador e Uruguai.

As 45 startups da América Latina que chegaram ao status de unicórnio levaram 8,5 anos em média para atingir esse patamar e o avanço do ecossistema de inovação na região tem impulsionado o surgimento de novos unicórnios.

Clavel diz que o Sotfbank é um investidor de longo prazo. Ele lembra que há dois anos quando as taxas de juros estavam próximas de zero no mundo (no Brasil em 2%) era mais fácil arrecadar recursos para investimento. Essa abordagem mudou quando os juros subiram e o ritmo de investimento desacelerou em todo os mercados.

“Chamamos isso de ‘capital turístico’, muita gente de fora que não tinha investido anteriormente na América Latina, e que apareceu. E assim as avaliações das empresas subiram muito. E então, no início de 2022, as pessoas perceberam: a festa acabou. Todas essas pessoas foram para casa” afirma ele, lembrando que não foi apenas só o SoftBank que colocou o pé no freio dos investimentos.

Ele diz que foi preciso fazer a lição de casa nesse período de mudança: reestruturar a equipe, as finanças, e novas entradas nos mercados. Ele diz que atualmente entre 85% e 90% das empresas do portfólio do Softbank tem o dinheiro em caixa para superar quaisquer dificuldades que possam surgir nos próximos anos.

Clavel acredita que, no próximo ano, o mercado começará a ver a volta dos IPOs (abertura de capital) e que o Softbank deve ser mais ativo em investimentos. E que talvez outros investidores voltem ao mercado. “Conversei com um empresário que acredita que a taxa de juros no Brasil pode cair a 8% até o final do próximo ano”, diz.

Fonte: exame

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