Especialistas defendem o aumento das trocas comerciais entre países e blocos


Especialistas que participaram da mesa redonda “A importância da integração interamericana” defenderam a oportunidade do acordo comercial entre os países do Mercosul e a União Europeia para aumentar as trocas comerciais de Santa Catarina durante o Seminário Internacional do Mercosul, que prossegue nesta quinta-feira (31), na Assembleia Legislativa.

“A integração com os países sul-americanos é de fato importante, e sim, é determinante”, avaliou Samo Sérgio Tosatti, subsecretário de Negócios Internacionais do Estado de São Paulo, que destacou a paz que há entre os países que integram o Mercosul e a importância do bom relacionamento entre países vizinhos. “Se a Argentina vai bem, Santa Catarina vai melhor”.

Tosatti destacou as vantagens de vender para os vizinhos.

“As empresas pequenas e médias quando iniciam a internacionalização, iniciam no entorno geográfico próximo. A geografia importa, o custo é menor, tem a proximidade cultural, linguística, portanto é mais fácil iniciar na América do Sul. Há vasta evidência empírica disso, os vizinhos são importantes, ao vender para eles as empresas ganham escala, aprendem a exportar e daí sim vão para os mercados extra regionais”, ponderou Tosatti.

Todavia, o subsecretário de Negócios Internacionais de São Paulo sugere mudanças no modelo de integração, deixando-o mais aberto.

“Que modelo de integração a gente almeja? Integração fortaleza, em que você utiliza os acordos regionais para bloquear ou dificultar importações de outros blocos? Ou trampolim, que utiliza o Mercosul para ampliar a participação do Brasil em mercados externos?”, questionou Tosatti, que ressaltou a importância de baixar tarifas e conceder aos países flexibilidade para negociar acordos internacionais.

“Na minha singela opinião devemos adotar o modelo de integração aberto. Se negociar com membros do Mercosul ou com outros blocos, vou perder mercado no Mercosul? Não, quanto mais você negociar, quanto mais comércio internacional, mais comércio interno”, argumentou.

Tosatti sugeriu uma agenda de integração, com a atualização dos acordos de comércio e investimentos; a revisão da proibição dos países negociarem isoladamente; a substituição dos acordos com países sul-americanos por um único acordo global, eliminando os custos de integração.

Além disso, Tosatti indicou a necessidade da integração das aduanas, dado que já há amparo jurídico, apenas não foi implementado; e a integração física, também denominada integração logística.

“Integrar com Pacífico vai perder carga aqui? Ao contrário, vai aumentar o volume de carga”, previu Tosatti, que frisou a importância da saída pelo Pacífico. “Do porto de Paranaguá até a China são 60 dias. Uma carga de caminhão que sai de Campo Grande (MS) chegará na China em média em 23 dias”.

Juliano Froehner, secretário de Articulação Internacional de Santa Catarina, concordou com Tosatti e avaliou que o momento é propício e que o estado barriga-verde tem a ganhar com o acordo do Mercosul com a União Europeia.

“Trago a visão do governo de Santa Catarina. É importante que o acordo saia, mas como vamos interagir com o governo federal para levar nossa posição para que isso aconteça de modo a ter uma participação interessante? Chegou a hora dos estados se manifestarem, terem uma participação mais ativa. Se você opta por não cutucar para não evoluir, opta por deixar tudo como está, mas para Santa Catarina esta não é uma opção”, declarou o secretário de Articulação Internacional.

Apesar da importância dos EUA (primeiro parceiro comercial) e da China (segundo parceiro comercial), Juliano Froehner defendeu o fortalecimento do Mercosul.

“O estado considera a fortificação do Mercosul, precisamos diversificar a carteira de países e é mais fácil exportar e interagir com os nosso vizinhos do que às vezes levar mercadoria para o Norte e Nordeste. Hoje o tempo de entrega é essencial”, justificou Froehner.

Atualmente os principais produtos exportados para o Mercosul são carnes de frango e suína e mel.

“Há o interesse de ampliarmos isso com outro elemento importante, que é o valor agregado. Hoje, no país, estamos falando de 1,2 mil dólares por tonelada exportada. É muito pouco, esse número não é interessante para o que queremos, por isso a importância de levar produtos de maior valor agregado para outros mercados”, declarou o secretário, aludindo aos países da União Europeia, caso o acordo evolua.

Segundo o secretário, a perspectiva com o acordo com a União Europeia, além de aumentar o volume negociado, é de Santa Catarina receber investimentos diretos de empresas europeias.

“Não podemos perder o bonde mais uma vez, a internacionalização já chegou até nós, mesmo que você tente ficar regional ou local, o mundo chegou até você, quer queira ou não. Não é uma questão de não querer se internacionalizar, ela já está na porta, o que podemos fazer hoje é aumentar a base exportadora. O momento é de decisão, precisamos ser prescritivos”, sustentou Froehner.

Ivan Naatz (PL), que mediou os debates, também bateu na tecla da inevitabilidade da internacionalização.

“Quando você fala que não adianta enfrentar a internacionalização, é uma verdade. Fui à Tchecoslováquia e estava fazendo uma reforma do meu escritório de advocacia. Vi em uma vitrine uma fechadura espetacular, perfeita para a porta. Entrei, comprei e trouxe para casa. Quando foi na hora de instalar contei ‘essa fechadura trouxe da Tchecoslováquia’. O instalador respondeu: ‘doutor, essa fechadura é feita em Pomerode’. As coisas estão do nosso lado e não percebemos”, apontou Naatz.

 

 

Vitor Santos
AGÊNCIA AL

Fonte: alesc.sc.gov

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