HELOISE HAMADA
DA REDAÇÃO
A CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa) da Câmara Municipal de São Paulo promoveu uma Audiência Pública nesta terça-feira (6/6) para discutir as políticas públicas voltadas às pessoas em recuperação do TUS (Transtorno por Uso de Substâncias).
O pedido para realizar o debate foi feito por meio do requerimento do vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL), que conduziu a discussão. Ele afirmou que é preciso discutir a drogadição das pessoas na cidade de São Paulo e o que leva essas pessoas a usarem essas substâncias. “Há pesquisas que mostram que as questões sociais estão relacionadas. A pessoa, às vezes, está desempregada por muito tempo, ou ela não tem onde morar, ou há conflitos familiares que levam as pessoas a saírem de casa e acabam usando essas substâncias”, disse.
O parlamentar ainda enfatizou que é preciso debater as possíveis soluções para esse problema do uso de álcool e drogas. “Não existe uma única solução, essas questões são muito subjetivas. Cada um tem o seu motivo. A gente tem que ver esses aspectos subjetivos e dar um tratamento com a participação de várias secretarias, desde a Secretaria de Assistência Social, a Secretaria de Habitação, a que discute a questão do emprego, assistência social, na saúde. A gente tem que discutir quais são as soluções, porque não existe uma solução única para as pessoas, porque as pessoas são motivadas a usar essas substâncias de modo diferente. Tem que debater todas as formas que a gente possa oferecer políticas públicas na cidade de São Paulo”, comentou.
O vereador Professor Toninho Vespoli é autor do PL (Projeto de Lei) 401/2022 que cria o “Dia Municipal das Pessoas em Recuperação do TUS”, outro tema que foi debatido. “O dia municipal traz para a sociedade uma reflexão e ajuda no debate. Além de direcionar a Prefeitura a ter esse dia como um dia fundamental para discutir a drogadição na cidade de São Paulo. A gente não pode discutir só quando acontece algo na Cracolândia, tem que se pensar uma política permanente”, salientou o parlamentar.
O Movimento Faces e Vozes deu apoio na discussão. O presidente da instituição, Alexandre Araújo, explicou que o grupo surgiu para mudar a percepção da sociedade em relação aos usuários de álcool e outras drogas. “O nosso objetivo principal é que a sociedade deixe de ver o dependente químico como uma pessoa irrecuperável, uma pessoa que não tem jeito, violenta, e passe a olhar as pessoas em recuperação, que são centenas. Pessoas se recuperam, pessoas mudam de vida, assim como eu, que estou em recuperação há 33 anos. Esse debate é importante no momento em que a sociedade passa, em que internam-se as pessoas, tiram-se as pessoas da internação e elas voltam para as ruas. Nós do Faces e Vozes queremos apresentar uma proposta para a sociedade de recuperação a longo prazo, de que a recuperação existe e é uma realidade”, frisou.
O psiquiatra Guilherme Messas destacou que o debate realizado é muito importante, porque dá oportunidade para que se atualize o modo de se acessar e de se abordar o problema do uso de drogas. “O problema de uso de álcool e drogas, de adicção e dependência ainda está um pouco defasado no Brasil e um dos modos que internacionalmente mais se aceita para atualização disso é pelo modelo da recuperação. Eu acho que com esse evento, a Câmara Municipal de São Paulo dá ênfase, dá protagonismo a essa nova agenda de tratamento e abordagem dos problemas de dependência química no mundo”, disse.
Também fizeram parte da mesa a palestrante motivacional Bianca Pagliarin, a assessora técnica do gabinete do vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth, Gleuda Apolinário, a coordenadora estadual do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, Sandra Marques, a psicóloga da ABEAD (Associação Brasileira do Estudo do Álcool e Drogas) Sabrina Presman, a assistente social Nildes Matos, as psicólogas Valéria Rocha Brasil e Cláudia Maria, e Gislaine Gimenez.
Confira a Audiência Pública na íntegra no vídeo abaixo:
