Porsche Macan de entrada tem motor 2.0 e custa quase R$ 500 mil. Será que vale? Leia o teste


O Porsche Macan será elétrico na próxima geração que estreia no ano que vem. Quando chegar ao Brasil, com certeza o SUV será mais caro do que já é atualmente. O Macan de entrada, carro mais barato que você pode ter da marca alemã na sua garagem, custa R$ 475 mil e nem tem motor V6. Será então que vale a pena pagar quase meio milhão de reais por ele?

A “simplicidade” da versão de entrada começa pelo nome: apenas Macan, sem nenhum adicional, como em todo o restante da gama do SUV. No caso, são mais três versões: T (R$ 520 mil), S (R$ 610 mil) e GTS (R$ 710 mil).

Assim como na versão T, o motor da opção de entrada é menos potente e sem o chamativo V6 das configurações que ultrapassam a casa de meio milhão de reais: é o 2.0 turbo a gasolina de quatro cilindros com 265 cv e 40,8 kgfm de torque, que faz dupla com o câmbio PDK de sete velocidades e tração integral.

Aí você diz: “Um SUV com motor 2.0 de quatro cilindros é decepcionante demais, hein?”. Às pessoas que pensam assim, só falo uma coisa: calma, deem uma chance para esse Macan provar seu valor.

Mesmo o Macan “básico” faz jus ao cavalo de Sttutgart que ostenta no capô. Ele não é um SUV compacto, mas é bem menor do que o Cayenne: são 4,72 metros de comprimento, 1,92 m de largura, 1,59 m altura e 2,80 m de entre-eixos, o suficiente para uma pessoa de 1,87 m — o meu caso — ter conforto tanto para dirigir quanto para ir sentado no banco de trás com um espaço considerável para as pernas. A capacidade do porta-malas é de 488 litros.

Como em todo Porsche, os acabamentos internos são de ótima qualidade, com couro, Alcantara e borracha — nada de plástico aparente.

Dentre os equipamentos de série destacam-se faróis e lanternas de LED, teto solar panorâmico, ar-condicionado digital de três zonas, seis airbags, bancos dianteiros com ajustes elétricos, memória para o banco do motorista, central multimídia com tela de 10,9 polegadas compatível com Apple CarPlay e Android Auto (sem necessidade de cabo), câmera com visão 360 graus, sistema de som com oito alto-falantes e rodas de 19 polegadas.

O modelo que testamos tem um pacote opcional, o Sport Chrono, por R$ 6.748, que inclui itens como cronômetro analógico e digital no centro do painel, seletor de modo de condução no volante (Normal, Sport, Sport Plus e Individual) e Launch Control (controle de largada) com estratégia de troca de marchas derivada das pistas no modo Sport Plus. Há ajustes elétricos também no volante.

A cor Miami Blue na linha 2023 só pode ser configurada pelo programa Paint to Sample, e pode custar até R$ 59.790 adicionais (cadê o básico agora?).

Giro o botão de ignição que fica do lado direito do condutor. Com os vidros fechados, praticamente não se ouve o ronco do motor, como é normal em outros carros da Porsche, inclusive nos modelos Macan V6. Porém, basta pisar no acelerador para que um ronco leve invada a cabine, arrancando um sorriso do motorista espartano. Mesmo o Macan para ricos menos endinheirados é agradável, “apesar” de seu motor de quatro cilindros. É um esportivo comedido.

Nas acelerações, o Macan é vigoroso e não deixa a desejar — pelo contrário, até surpreende para um 2.0. Para esse motor de quatro cilindros, a montadora promoveu otimização dos pistões e do sistema de injeção a fim de melhorar o rendimento das turbinas. A aceleração de zero a 100 km/h é feita em 6,4 segundos; com o pacote Sport Chrono, que inclui o modo Sport Plus, o número cai para 6,2, ou 0,2 a menos. Já a velocidade máxima é de 232 km/h mesmo com o opcional esportivo.

Cada modo de condução muda de verdade a dinâmica do carro e o comportamento do motor, da suspensão e do câmbio. No Sport Plus os controles de tração e de estabilidade são desligados e o carro exige muito mais habilidade do motorista, por exemplo. Para guiar na cidade, o modo Normal serve muito bem.

Mesmo sendo um pouco dura, a suspensão é confortável para o dia a dia, inclusive no modo de condução Normal. Nos demais esportivos, o acerto é tão rígido que incomoda quando o carro enfrenta as imperfeições do asfalto, mas agrada em pistas lisas.

Como estamos falando de um SUV que tem proposta urbana, essa calibração da suspensão poderia ter um ajuste um pouco mais fino para melhorar o conforto a bordo; entretanto, como já mencionado, as más condições do asfalto também não ajudam muito. Em contrapartida, os pneus mais estreitos na dianteira e mais largos na traseira aumentam a tração e otimizam a estabilidade, deixando o Macan pregado no chão nas curvas.

O Macan extrai o máximo que se espera de um motor 2.0, mas recomendo o pacote Sport Chrono. Ainda que seja um Porsche de entrada, faça-o digno do logotipo. Afinal, é melhor aproveitar o ronco desse quatro cilindros enquanto o modelo elétrico não vem e silencia.

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Fonte: direitonews

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