“Ainda que o governo eleito reverta parte do caos criado por Bolsonaro e pelo Exército e feche algumas graves brechas criadas para o armamento do crime organizado, teremos efeitos duradouros”, lamenta Langeani.
“Isso já está gerando pressão em crimes do cidadão comum, como homicídios, feminicídios e suicídios, mas também mudando a cara do mercado ilegal, já que várias dessas armas são roubadas e furtadas e vão parar na mão do crime”, disse o gerente do instituto à Sputnik Brasil.
“O crime organizado no Brasil tomou uma condução mais interiorizada. Como não há coordenação entre polícias estaduais, civis ou militares, polícias federais, guardas, Polícia Rodoviária Federal [PRF] e Polícia Federal [PF], essa descoordenação geral causa impacto na produção de políticas públicas para a mitigação da violência”, apontou Bragança à Sputnik Brasil.
“A numeração de munição é algo absolutamente plausível. Estamos lidando com câmera em uniforme de policial e uma série de outras tentativas de reduzir a letalidade e a violência policial, mas, na prática, podíamos estar em outro ponto do debate. Não estamos porque as Forças Armadas não fazem o que precisam fazer por leniência, conivência ou absoluta incompetência”, critica.
Mudanças do STF nas regras de CACs
“Quando se introduz o elemento da arma nesta relação de poder, cria-se um descompasso muito grande, em um país com problema de sociabilidade agudo. Os CACs vão ter que começar novamente a serem limitados com relação aos seus clubes de tiro, ao trânsito com armas”, avalia.
Brasil tem ‘enorme rede internacional de compradores’ de armas
“O Brasil tem menos acesso à indústria de armamento pesado, que normalmente é controlado por países como a Rússia e os EUA, mas tem um papel muito importante na produção de armamento tático, que exporta para países como Israel e Líbano”, afirma o especialista.
“Durante os governos Lula, os países sul-americanos foram prioridade na construção da nossa política externa, na maneira pela qual o Brasil se insere no cenário internacional. Isto já está colocado: a reconstrução dessas plataformas de integração sul-americana a partir da nossa vizinhança direta, da América do Sul”, indicou Bragança.
“É um setor estratégico, que envolve tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, universidades, mão de obra qualificada, investimento internacional e joint-ventures com grandes empresas internacionais. Pode haver um alavancamento da indústria de defesa brasileira a partir da política de defesa comum sul-americana. Até porque agora o momento político sul-americano é outro”, afirmou.
Fonte: sputniknewsbrasil