A melhoria da ‘percepção’ do brasileiro em relação ao já elevado nível de endividamento não removeu a principal ameaça que pode lançar os devedores no ‘precipício’ da inadimplência: os cartões de crédito.
Essa é a conclusão do levantamento realizado pela Proteste, ao apontar que essa modalidade creditícia corresponderia hoje às contas mais atrasadas, além de representar o maior obstáculo para reabilitação do consumidor negativado.
Dados fornecidos pelo Banco Central (BC) apontam que, em janeiro deste ano, as instituições financeiras cobravam, em média, 411,5% de juros ao ano (14,5% ao mês), referente ao “crédito rotativo”, acionado quando consumidor deixa de pagar o total da fatura, acumulando débitos para o mês seguinte. Aqui, a conta é simples: quanto maiores os juros, assim também serão os índices de inadimplência.
De acordo com pesquisa desenvolvida pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), juntamente com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados em março último, ante um contingente de 66 milhões de inadimplentes, o que é considerado um recorde histórico.
Outro ponto relevante do estudo indica que 46% dos entrevistados se consideravam ‘um pouco endividados’, patamar inferior aos 47% que assim se declaravam no ano passado, assim como os 54% de 2021.
Na categoria ‘muito endividados’ deste ano, eram contados 22% dos consultados, contra 23% em 2022 e 18%, no ano anterior. Já os ‘nada endividados’ correspondiam a 32% este ano, contra 30% no ano passado e 27%, em 2021.
Em outra amostragem, o levantamento indicou que 35% dos endividados apresentavam, ao menos, uma conta atrasada, ao passo que no ano passado, estes eram 36%, e 37%, em 2021.
Já entre os que possuem dívidas, mas em dia, estes seriam 36% atualmente, ante 45% em 2022 e 46% em 2021. Na melhor situação, os que não têm dívidas são 29%, ante 19% em 2022 e 18%, no ano anterior.
De todo modo, a pesquisa revelou que 80% dos devedores são cobrados de forma sistemática pelos seus credores, percentual inferior aos 92% em 2022 e 90%, em 2021.
Outra conclusão interessante do estudo é que o cartão de crédito é o vilão do endividamento para 74% dos entrevistados. Na vice-liderança da ‘vilania’ vem o desemprego, para 37% dos consultados, seguido da crise econômica, para 27% deles.
Fonte: capitalist