Mais de 120 milhões de pessoas ao redor do mundo foram obrigadas a deixar suas casas devido a perseguições, conflitos, violência e violações de direitos, um aumento de 8% em comparação ao ano anterior, conforme dados da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Se todas essas pessoas vivessem juntas, formariam o 12º país mais populoso do mundo.
Esse número é mais que o dobro do registrado há uma década, quando a Acnur contabilizava 59 milhões de deslocados. Se a cada 10 anos dobramos o número de pessoas forçadas a se deslocar, inevitavelmente os recursos já escassos não serão suficientes para lidar com essa situação, afirmou Miguel Pachioni, oficial de comunicação da Acnur, em entrevista à Agência Brasil.
Do total de deslocados globalmente, mais de 43 milhões são refugiados que precisam de proteção internacional. O Dia Mundial do Refugiado, celebrado hoje (20), destaca aqueles que foram obrigados a deixar seus países de origem devido a conflitos, perseguições ou graves violações de direitos humanos, buscando segurança além das fronteiras.
A condição de refugiado difere da de imigrante pois envolve uma ameaça à vida caso retorne ao país de origem. Essas pessoas são forçadas a buscar proteção internacional, atravessando fronteiras e sendo reconhecidas como solicitantes de refúgio.
O número de deslocados continua a crescer, impulsionado por conflitos mais difundidos globalmente e pela falta de soluções de curto prazo para crises prolongadas. “O aumento de 8% na população refugiada entre 2022 e 2023 reflete a disseminação dos conflitos armados pelo mundo, que se tornaram mais persistentes”, disse Pachioni, mencionando casos como Ucrânia, Iraque, Sudão e Afeganistão.
Eventos climáticos extremos também contribuem para o aumento dos deslocamentos, forçando pessoas a abandonar suas casas devido às mudanças climáticas e desastres naturais.
O Brasil tem desempenhado um papel importante, acolhendo parte desses refugiados graças à sua Lei de Refúgio avançada. Em 2023, o país reconheceu um recorde de 77.193 pessoas como refugiadas, um aumento significativo comparado a 2022. No total, 143.033 pessoas já receberam reconhecimento oficial de refúgio no Brasil.
Apesar de ser considerado acolhedor, o Brasil enfrenta desafios na integração desses indivíduos, incluindo barreiras linguísticas, discriminação e falta de informação sobre oportunidades de emprego.
Para marcar o Dia Mundial do Refugiado, a Acnur está realizando eventos em várias partes do Brasil sob o tema “Esperança longe de casa: por um mundo inclusivo com pessoas refugiadas”. Atividades incluem seminários e iniciativas com refugiados e migrantes, destacando sua resiliência e contribuições culturais.
Fonte: gazetabrasil