Novo carro popular vai baixar o preço do modelo usado?


O anúncio do governo federal sobre o desconto de até 10,96% para baixar os preços dos carros zero-quilômetro balançou todo o setor automotivo. A medida, inclusive, trará consequências até para o segmento de seminovos e usados, que prevê reduções nos valores dos automóveis.

De acordo com Enilson Espínola Sales, presidente da Fenauto, associação que representa os lojistas, “qualquer medida que venha incentivar o comercio de veículos é bem vinda”. Porém, enquanto não houver mais explicações em relação à média da alíquota de desconto de cada veículo e quantos modelos novos serão beneficiados, há uma dificuldade em prever quanto o preço do carro usado cairá.

“O governo falou que a desoneração vai ficar entre 1,5% e 10,96%. Alguns carros devem ter desconto de 5%, outros de 7,5%, e outros de 8%. Mas e os seminovos? Devem cair na mesma proporção. Portanto, se a média de desconto ficará em 6%, por exemplo, os veículos seminovos, principalmente os que têm preços mais próximos aos dos zero-quilômetro, devem cair na mesma proporção da alíquota média”, afirma.

Porém, essa queda não deverá durar muito por dois fatores. O primeiro motivo está na própria medida do governo. Na última sexta-feira (26), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que a mudança não será estrutural e deve durar “de três a quatro meses”. Se esse anúncio for cumprido, os carros novos deverão subir de preço assim que acabar o desconto do governo e, consequentemente, os usados também serão valorizados.

Vale lembrar que a Medida Provisória será publicada até a quarta-feira da próxima semana, 7 de junho. Só então será oficializada a validade da nova política de desoneração de impostos sobre os veículos novos.

A outra razão está no próprio mercado de usados que, segundo o presidente da Fenauto, “absorve essa redução muito rápido”. Ou seja, o desconto sobre os usados pode durar menos que a própria medida governamental.

Apesar da boa iniciativa para retomar a produção e reaquecer o mercado, Sales entende que a medida foi feita pensando em apenas uma parcela do setor.

“O benefício foi oferecido exclusivamente às fabricantes de carros. Mas a cadeia do setor automotivo não é somente isso. Tem as de autopeças, o setor de seminovos e usados e o consumidor no final. Em volta disso ainda tem o crédito. Não adianta ter carro novo fabricado se o acesso ao crédito continua difícil.”

De acordo com a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), um em cada três carros novos vendidos no Brasil em 2023 é financiado. Com as taxas de juros altas, os bancos temem inadimplência dos clientes e liberam menos linhas de créditos.

Um dos principais objetivos da proposta do governo é a renovação da frota nacional, que hoje é uma das mais velhas da história — com idade média é de quase 11 anos de uso. Em relação ao tema, Sales acredita que linhas de crédito mais vantajosas serão cruciais para estimular o cliente a trocar seu veículo por um modelo novo ou seminovo bem equipado e mais eficiente.

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

Fonte: direitonews

Anteriores Em junho, SESI Lab promove oficinas maker no Conjunto Nacional
Próxima Sanear faz interrupção temporária do fornecimento de água na região ​Distrito Industrial Rondonópolis (distrito antigo)