Makoto Uchida renunciou ao cargo de presidente e CEO da Nissan após meses turbulentos. O executivo estava à frente da empresa japonesa desde 2019, mas não resistiu à crise interna e ao recente fracasso na negociação que faria a marca se fundir com a Honda. O diretor de planejamento Ivan Espinosa assumirá o comando da companhia a partir de abril.
Amplamente questionado entre os diretores, Uchida já vinha preparando a renúncia. A marca japonesa aguardava apenas a definição de seu substituto, que deverá promover grandes mudanças estratégicas na Nissan. O executivo esteve à frente da negociação de fusão com a Honda, uma de suas maiores concorrentes, para conter uma crise que poderia levar a demissões, fechamentos de fábricas e cortes de investimentos. Em fevereiro, foi confirmado que a aliança não sairia do papel.
A princípio, a fusão seria efetuada por meio de uma joint venture, mas a Honda propôs um modelo de incorporação em que a Nissan se tornaria subsidiária. Ambas concordaram em encerrar as negociações após divergências e, portanto, a aliança que criaria a terceira maior fabricante de carros do mundo não se concretizou.
Para agravar a situação, em novembro de 2024, diretores da Nissan contaram ao jornal Financial Times que a marca entrou em “modo de emergência”. A publicação ainda trouxe a notícia de que a empresa japonesa teria, naquele instante, “entre 12 e 14 meses para sobreviver”. A marca deixou claro que precisava de um investidor — e foi então que a Honda iniciou as conversas para, inicialmente, se fundir à Nissan.
A Renault, parceira de longa data da Nissan, passou a reduzir sua participação. Era detentora de 47% das ações da marca japonesa no início de 2024, mas reduziu o montante para menos de 40% em 2025.
Por enquanto, a crise não afetou diretamente o Brasil, onde a Nissan anunciou investimento de R$ 2,8 bilhões em Resende (RJ) para a produção de dois carros novos: a nova geração do Kicks e outro modelo inédito mantido em segredo. Na Argentina, porém, a situação começa a se tornar insustentável.
O desenvolvimento da nova geração da picape Frontier — identificada pelo código interno Projeto H60E — foi suspenso em Córdoba. A informação foi revelada pelo sindicato dos metalúrgicos da região. A decisão acaba resvalando em nosso mercado, tendo em vista que a Frontier é um dos modelos mais importantes da Nissan. Antes de ser produzida na Argentina, a picape média chegava ao Brasil importada do México.
Além disso, a produção da picape atual também foi paralisada. Em fevereiro, a fornecedora argentina Maxion Montich, responsável pela fabricação do chassi, entregou ao governo um plano de contenção de crise. A medida permitiria lay-off, ajustes de salários, planos de demissão voluntária e antecipação de feriados. A empresa pressiona a Nissan por mais transparência, e o sindicato argentino já ameaçou declarar greve.
*reportagem em atualização
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Fonte: direitonews