Pelas lentes do fotógrafo Rony Costa, o Parlamento inaugurou a exposição “Antonietas”, no espaço Cruz e Sousa, retratando mulheres negras inspiradoras e vanguardistas.
A mostra buscou desvendar e evidenciar a beleza, garra, força e determinação das mulheres negras que residem em Santa Catarina.
Mais uma atividade
A mostra fotográfica “Antonietas” é mais uma atividade programada pelo Parlamento para marcar o “Mês de Antonieta de Barros”, que celebra o aniversário de nascimento e valorizar a memória da primeira mulher negra eleita deputada no Brasil.
A programação inicia com uma sessão especial, às 19h, no Plenário, e com a abertura de duas exposições: “Há de Antonieta”, na Galeria de Arte Ernesto Meyer Filho, e “Antonietas”, no espaço Cruz e Sousa. A iniciativa é dos mandatos da deputada Luciane Carminatti (PT) e do deputado Marquito (Psol).
“Antonietas”
Nas 22 telas, em preto e branco, de 60 cm por 90 cm, mulheres representativas do movimento negro no Estado revelam a sua força e fragilidade aos olhos sensíveis de Costa. Ele confessa que foi um trabalho desafiador e inspirador. Integrante do Instituto Liberdade e Escola Olodum Sul, Rony Costa revela que desde 1995 milita no movimento negro e um de seus trabalhados, neste ano, foi retratar a marcha de 300 anos em homenagem a Zumbi dos Palmares.
“A ideia desta exposição é revelar o protagonismo da Antonieta que habita em cada uma dessas mulheres negras”, disse. Tanto que nas suas telas foram retratadas professoras, dona de casa, militantes, lavadeiras, enfermeiras, jornalistas, enfim, mulheres negras e suas lutas.
Em uma das emblemáticas fotografias que estampam a exposição está a conhecida vovó Luiza, que este ano completa 109 anos. Na imagem, ela recebe um beijo carinhoso.
Luíza Moreira é uma das mães de santo mais conhecidas e respeitadas de Camboriú e região. Aos 109 anos, embora nos documentos oficiais ela só tenha 91, devido ao registro tardio de seu nascimento, ela atende diariamente quem procura o terreiro em busca de proteção, conhecer um pouco mais os orixás, saber sobre o futuro, ou em busca de paz e prosperidade. Vó Luíza é neta de escravizados.
Através de suas lentes, com um olhar muito sensível, foram retratadas mulheres de diversas gerações. “Diretamente, ou indiretamente, “inspiradas” por Antonieta de Barros”, reiterou.
Símbolo de luta
Antonieta viveu em uma sociedade onde mulheres, principalmente mulheres negras, não tinham direito à voz, ao voto e à educação. Ela é um símbolo da luta destas mulheres, para que pudessem e possam ter uma vida melhor. Longe dos preconceitos machistas e racistas, onde somente a elite abastada da sociedade local podia desfrutar desses direitos. Antonieta multiplicou sua voz e projetou suas ações e inspirações para muito além do seu tempo. Hoje, mais que nunca, é tempo de muitas “Antonietas” serem protagonistas de seus próprios destinos.
Arte de fotografar
Natural de Duque de Caxias (RJ), Rony Costa adotou Santa Catarina para viver. Ele se denomina um “Catarioca”.
Autodidata, fez da fotografia seu ofício. Ministrou aulas de fotografia no Sesc da Prainha, em Florianópolis e na Fundação de Cultura de São José. Atualmente é um dos diretores e professor de fotografia da Escola Olodum Sul. Como profissional da fotografia e fotojornalismo, já teve seu trabalho publicado em diversos jornais, revistas e livros nos âmbitos estadual e nacional.
Rony se considera um verdadeiro amante da arte de fotografar, pois acredita fielmente que a fotografia tem o poder de transformar vidas, além de contar histórias sem precisar de legendas.
Confessou que em “Antonietas” o desafio foi justamente conseguir selecionar tantas mulheres identificadas com o perfil da primeira deputada negra do país. “Há muitas mulheres negras que hoje traduzem a liderança de Antonieta em suas profissões.”
Agência AL
Fonte: alesc.sc.gov