Mídia: entrevista de general ucraniano fez Ocidente pensar se negociações viraram prioridade

Os recentes comentários do comandante em chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, sobre o impasse no conflito militar com a Rússia deixaram muitos em dúvida, à luz da imagem excessivamente positiva transmitida por Kiev, informou nesta segunda-feira (11) o jornal britânico Financial Times.

No início de novembro, Zaluzhny disse à revista britânica The Economist que o conflito na Ucrânia havia chegado a um impasse e que muito provavelmente não se poderia esperar algum avanço profundo da contraofensiva de Kiev, iniciada em junho. Mais tarde, Vladimir Zelensky, presidente ucraniano, tentou amenizar a situação, afirmando que a situação não era crítica.

Após a publicação da entrevista de Zaluzhny, alguns líderes ocidentais chegaram a pedir a Kiev que esclarecesse se as negociações eram a nova prioridade, disse uma fonte do Financial Times.

A imagem da Ucrânia progredindo constantemente no campo de batalha está se desmoronando junto com o apoio ocidental. A razão para isso, afirmou um dos funcionários de comunicação da administração de Zelensky, é a necessidade de “mais realismo” em sua estratégia de comunicação, escreveu o jornal. Esse realismo, nota ele, é o crescente distanciamento entre a administração do país e o comando militar, com uma diferença significativa entre a imagem na televisão e a situação no terreno.

Apesar disso, Zelensky não pode abandonar a narrativa positiva, pois essa é a única maneira de motivar o Ocidente a fornecer apoio, apontou uma fonte.

A Rússia lançou sua operação militar na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Os países ocidentais responderam impondo sanções abrangentes contra Moscou, ao mesmo tempo em que aumentaram drasticamente seu apoio militar a Kiev. As delegações russas e ucranianas se envolveram em várias rodadas de conversações de paz desde então, mas as negociações acabaram chegando a um impasse.