CAROL FLORES
DA REDAÇÃO
O inquérito epidemiológico solicitado pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Poluição Petroquímica da Câmara Municipal de São Paulo à Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) para investigar a incidência de doenças relacionadas à poluição em moradores da zona leste, de bairros vizinhos ao Polo Petroquímico de Capuava foi apresentado nesta quinta-feira (1/6) apontou que a possibilidade de desenvolver doença tireoidiana independe de residir próximo ao polo.
Segundo a Diretora de Divisão de Vigilância em Saúde Ambiental da Covisa, Magali Batista, o estudo foi direcionado somente a problemas relacionados a tireoide e teve como metodologia amostragem aleatória através de sorteio. O levantamento contou com a participação de 3.674 pessoas com mais de 40 anos, residentes em áreas de exposição (próxima ao polo petroquímico) de São Mateus, São Rafael e Sapopemba, na zona leste; e aéreas de controle (mais afastada do polo) Jabaquara, zona sul, e Itaim Paulista, também na zona leste. Entre os participantes 165 apresentaram alteração na glândula tireoidiana, sendo o sexo feminino com a maior incidência.
“A conclusão é que neste estudo não foi possível dizer que há uma prevalência maior de Tireoidite de Hashimoto em residente no entorno do polo petroquímico”, afirmou a diretora, que ainda destacou que o município irá monitorar a região e sensibilizar os profissionais das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do entorno para tenham um olhar mais atento aos casos de tireoidite.
Questionando a metodologia utilizada para a realização da pesquisa, o relator da CPI, vereador Marcelo Messias (MDB), pediu a realização de novos estudos. “O resultado do inquérito não foi favorável e a metodologia e a forma com que foi feito foi diferente de outros trabalhos apresentados e assim fica uma certa dúvida se o apresentado é o que está realmente acontecendo na região. Isso me deixou preocupado, porque metodologia diferente dá resultados diferentes. Por isso, é necessário fazer uma nova pesquisa com a mesma metodologia de outros estudos”, destacou.
Outro ponto destacado pelo parlamentar é a quantidade de pessoas que reclamam da poluição. Segundo o estudo 77% dos participantes destacaram a poeira, cheiro e fuligem como incômodo. “Com essa alta porcentagem, com certeza, outras doenças devem acometer essa população. É preciso que haja medidas para que essas pessoas tenham qualidade de vida”, frisou.
O alto índice de reclamação da população da área de exposição, apontado no estudo, chamou a atenção do presidente da CPI da Poluição, vereador Alessandro Guedes (PT). “Quando a gente fala de poluição atmosférica a gente não fala só de tireoidite, a gente fala de outros problemas, inclusive o câncer, que nesse inquérito não foi abordado devido o prazo de produção desse inquérito. Mas esse trabalho tem que continuar, a gente aponta o problema e o município agora tem que adotar protocolo de saúde para capturar não só a ação de tireoidite, mas também outros problemas relacionados a poluição atmosférica”, disse.
Participaram da reunião que pode ser conferida na íntegra no vídeo abaixo, os vereadores Alessandro Guedes (PT), Marcelo Messias (MDB) e Professor Toninho Vespoli (PSOL).
Sobre a CPI
A CPI da Poluição Petroquímica busca investigar denúncias sobre a poluição e a contaminação ambiental no entorno do Polo Petroquímico que supostamente vem prejudicando a saúde de moradores de bairros da zona leste da capital localizados próximos ao polo.
Denúncias
É importante ressaltar que a CPI da Poluição tem um canal específico para coletar contribuições e manifestações das pessoas que vivem nos bairros do entorno da petroquímica que sofrem consequências da poluição, com o objetivo de subsidiar as investigações da Comissão.
A população pode fazer denúncias sobre a poluição, trazer informações sobre questões de saúde dos moradores dos bairros vizinhos e apresentar sugestões para redução da poluição pelo e-mail cpi-poluicaopetroquimica@saopaulo.sp.leg.br ou neste link.