BYD Dolphin quer ser carro elétrico “popular” por R$ 150 mil e alia conforto e custo-benefício; teste


O termo “carro popular” nunca esteve em alta como nos últimos meses, mesmo que o “popular” esteja longe de ser acessível – afinal, é estranho associarmos a expressão a R$ 60 mil, no mínimo. Esse mesmo efeito ocorre no segmento de elétricos. Se antes eram tremendamente inacessíveis, aos poucos estão ficando “populares” – ainda que isso signifique pagar mais de R$ 140 mil.

Na tentativa de introduzir modelos maiores e mais tecnológicos movidos a bateria nessa faixa de preço, a BYD acaba de lançar o Dolphin no Brasil, seu quinto carro elétrico e o modelo de entrada da marca.

Por R$ 149.800, o hatch compacto com jeito de monovolume chega por um preço bem abaixo de seus dois principais concorrentes Renault Zoe (R$ 239.990 mil) e Nissan Leaf (R$ 298 mil) e custa quase o mesmo que os pequenos Caoa Chery iCar (R$ 149.990), Renault Kwid e-Tech (R$ 149.990) e Jac E-JS1 (R$ 145.900). Mas o que todos os carros acima têm em comum? São modelos voltados para rodar na cidade e com foco no custo-benefício.

O Dolphin segue essa cartilha, mas com temperos extras, dos quais mencionarei depois. Para começar, o carro com temática marítima da BYD é realmente um golfinho de grande porte. Afinal, são 4,12 metros de comprimento (o Chevrolet Onix tem 4,16m), 1,57 m de altura, 1,77 m de largura e entre-eixos de 2,70 m, o mesmo que um Toyota Corolla.

Mas no quesito impulsão e tração, o golfinho se destoa do bando. Ele usa um trem de força elétrico de 95 cv instalado no eixo dianteiro. Sim, é bem menos potente do que o Leaf e o Zoe, que produzem 150 cv e 135 cv, respectivamente. Esse conjunto faz com que o bichano de 1.815 kg atinja a velocidade máxima de 150 km/h e saia da inércia aos 100 km/h em 10,9 segundos.

Apesar dos números não saltarem os olhos, essa performance aparentemente mais morosa passa praticamente despercebida na trajeto diurno urbano. Ponto positivo para o bom torque de 15,3 kgfm entregue instantaneamente.

Para fornecer energia para o propulsor, há um pacote de baterias com tecnologia da própria BYD de 44,9 kWh instaladas no assoalho do carro. Elas garantem que o golfinho nade por até 291 km sem se cansar e parar no meio do oceano (medido no ciclo PBEV do Inmetro).

E na hora de recarregar as energias, nada de comer pequenos animais. O Dolphin precisa ficar plugado na eletricidade entre 30 minutos até 7 horas, dependendo da fonte de carregamento, que pode ser AC (mínimo 3,3 kW ou nas tomadas de 220V) ou DC (máximo de 60 kW).

Dessa forma, a bateria consegue recuperar 80% da carga em cerca de meia hora em fontes rápidas de 60 kW. Em fontes de 3,3 kW, leva-se, em média, sete horas para recarregar a bateria por completo. Em pontos Wallbox de 7 kW, a bateria vai de 30% a 80% em três horas e meia.

Trocadilhos e associações à parte, a BYD levou a sério desenhar o Dolphin com traços que lembram de um golfinho e também do mar. Isso porque o carro faz parte da linha marítima da marca, que inclui também o Seal e Seagull, já confirmados para o Brasil.

Por isso, as laterais abusam de linhas que remetem ao movimento de nado dos golfinhos, as rodas de 16 polegadas levam o desenho de estrela do mar, as lanternas de LED “diferentonas” se unem e traçam o formato de ondas e a barbatana de tubarão no teto do veículo, bem…dispensa apresentações.

A cabine reforça ainda mais essa estética. A base do painel usa grafismos que representam ondas e conchas e todo o interior é bitom para fazer a diferenciação entre mar e terra. As cores branco pérola e preto se mesclam nas laterais, no painel e nos bancos, que aliás, são extremamente confortáveis e têm um ótimo acabamento de couro ecológico.

Outro ponto positivo da cabine (e dos bancos) é o conforto para quem viaja na segunda fileira. Até os mais altos não passam sufoco na parte de trás, que comporta ate três pessoas sem tanto aperto, graças ao assoalho plano e ao bom aproveitamento do espaço-interno. Com isso, o Dolphin se torna uma pedida interessante para motoristas de aplicativo, inclusive.

E para quem dirige, o carro chama atenção pela ótima ergonomia e pelos comandos intuitivos. Como todo BYD, o Dolphin usa a tela (neste caso de 12,8 polegadas) que gira e pode ficar na orientação vertical ou horizontal – a escolha de posição é feita pela própria tela e quase todos os comandos do carro podem ser manejados por lá. Para compensar o tamanho, o painel digital usa um pequeno visor de LCD de 5 polegadas. O carro ainda tem uma entrada USB-C e duas USB (uma para a segunda fileira), seis alto-falantes e ar-condicionado de duas zonas.

Com a nova atualização, a central multimídia recebe conexão com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, além da internet nativa. Pela loja de aplicativos da BYD, é possível baixar jogos (que só ficam disponíveis com o carro parado, claro), Spotify e até karaoke.

Mas, fora isso, o Dolphin é um carro seguro, na medida. O hatch vem com câmera de estacionamento dianteira e traseira, assistente de estacionamento, três radares, controle de cruzeiro, airbags frontais, laterais e de cortina, freio eletrônico com auto hold, monitoramento da pressão dos pneus, aviso de cinto de segurança para todos os bancos, controle de estabilidade e tração e assistente de subida em rampas.

A lista de equipamentos ainda recebe ar-condicionado de duas zonas com purificador, modos de condução Sport, Eco e Neve (!) e sistema de regeneração por frenagem. Apesar de não estar disponível no momento em que testamos o Dolphin, a BYD também lançou um cartão que consegue destravar o carro por aproximação, tecnologia nomeada NFC.

Como todo carro elétrico, o torque instantâneo garante uma direção mais dinâmica (até mais divertida) e acaba sendo ótimo nas ultrapassagens no trânsito, por exemplo. Os 18,3 kgfm de torque entregues instantaneamente parecem mascarar que o motor elétrico tem só 95 cv, o que é mais do que suficiente para rodar na cidade, diga-se de passagem.

Na zona urbana, aliás, o carro se mostra muito esperto e com acelerações vigorosas. A suspensão é firme e parece ter sido pensada para o Brasil. Assim, consegue absorver muito bem as irregularidades das ruas, mas sem abrir mão do conforto – “culpa” dos pneus de perfil mais alto. Para contribuir com a boa dirigibilidade, a direção é muito precisa.

Apesar de ser um hatch, a posição de dirigir do Dolphin é alta (os ajustes do banco, aliás, são manuais), os assentos dianteiros que se assemelham a bancos concha são extremamente confortáveis e parecem abraçar quem está sentado.

Falando nisso, é destaque a ótima ergonomia do veículo. Além do conforto e da qualidade de primeira dos bancos e do revestimento interno – principalmente comparado aos elétricos na faixa de preço de R$ 150 mil –, os comandos são intuitivos e não tiram a atenção do motorista no trânsito. O único porém é que na hora de mexer na central multimídia, os braços podem esbarrar nos botões físicos (que são saltados para fora do painel) e ligar o ar-condicionado ou acionar o pisca alerta, por exemplo.

Apesar de ser ideal para rodar na cidade, um ponto em particular me incomodou: em baixas velocidades, o zunido do motor elétrico é bem alto e foge da proposta do “carro elétrico silencioso”. No horário de rush, em que dificilmente a velocidade média do carro passa dos 30 km/h, esse som pode ser bem desagradável. Após o carro ultrapassar essa velocidade, o zunido vai embora.

Disponível em três cores (cinza, rosa e amarelo), o Dolphin estreia nesta quarta-feira (28) e somente as primeiras 300 unidades custarão R$ 149.800. A BYD garante que a carga completa do hatch feita em um Wallbox (que vem gratuito na compra do carro) custa cerca de R$ 40. A garantia é de cinco anos ou 200 mil quilômetros rodados. Já a bateria tem garantia de oito anos ou 200 mil quilômetros percorridos.

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Fonte: direitonews

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