Após indicação de Zanin, favorito de Lula para o STF é o AGU Jorge Messias


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Via @jotaflash | O voto de Cristiano Zanin contra a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal gerou reação de setores de esquerda nas redes sociais, que reforçaram a pressão pela indicação de um nome mais identificado com pautas progressistas, e de preferência uma mulher, para a vaga de Rosa Weber, que tem de se aposentar em outubro, quando completa 75 anos. Por enquanto, nada indica que serão ouvidos. O favorito é outro nome próximo a Lula: o advogado-geral da União, Jorge Messias.

Homem, evangélico e de fidelidade testada no impeachment, ele seria mais uma aposta do presidente na governabilidade e na confiança pessoal. E com a vantagem de fazer pontes com um eleitorado que ele busca reconquistar, de olho na reeleição em 2026.

Enviado por Lula como representante do governo à Marcha para Jesus, ele tem recebido manifestações de apoio de políticos ligados a pautas religiosas, como o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), pastor da Assembleia de Deus, ex-líder da bancada evangélica. Ele também foi um dos apoiadores de Zanin, que no processo de confirmação destacou suas credenciais conservadoras.

Por isso, a postura de Zanin não deveria ser uma surpresa. O próprio JOTA destacou no início do ano que o advogado de Lula não estaria alinhado a pautas ideológicas da esquerda e que isso não teria influência na escolha do presidente. E no Planalto, hoje, a ideia é manter essa postura para outras vagas, tanto para o Supremo quanto para outros cargos estratégicos. A experiência de Lula no Mensalão e, principalmente, na Lava Jato segue sendo um fator mais relevante que pautas ideológicas ou que o padrão da primeira passagem dele pelo poder.

No primeiro e segundo mandatos, Lula prestigiou a ideia de pluralidade no Supremo. Se indicou Dias Toffoli, que advogara para o PT, também escolheu um terrivelmente católico, Menezes Direito. Indicou juízes de carreira que não conhecia, advogados progressistas, conservadores, mulheres, negros.

E a avaliação do presidente é que essa postura foi um erro, repetidamente confirmando nas provações do PT e dele próprio. Esse diagnóstico fica ainda mais evidente quando o petista compara a sua postura com a de seus adversários, que na visão dele fizeram o oposto, mirando um Supremo integrado por pessoas alinhadas às suas políticas e que poderiam atuar como escudo contra adversários.

Fernando Henrique indicou Nelson Jobim, seu o ministro da justiça, Ellen Gracie, que era apadrinhada pelo PSDB, e Gilmar Mendes, seu advogado-geral da União.

Bolsonaro indicou Nunes Marques, de quem se aproximou e com quem, dizia, “tomava tubaína”, e André Mendonça, terrivelmente evangélico advogado-geral da União e ministro da Justiça do seu governo. Temer escolheu Alexandre de Moraes, em quem confiava pessoalmente.

Só Lula e Dilma não escolheram primordialmente pessoas de sua estrita confiança pessoal. O mais próximo disso, Toffoli, foi o ministro que não o autorizou a ir ao enterro do irmão.

Planos políticos

Lula considera que aprendeu uma lição. Para a primeira vaga, indicou Zanin, seu advogado ao longo do processo que passou pela sua prisão até a anulação das condenações.

É um Lula escaldado e que dá pouca atenção até aqui a apelos ideológicos ou identitários. Menos do que agradar a uma esquerda que já o apoia, o presidente parece preocupado com a agenda do seu governo.

Evidentemente, a pressão pela escolha de uma mulher para a vaga de Rosa Weber vai crescer. Mas pessoas próximas do presidente dizem que o que impede esse caminho é uma questão prática: por enquanto não há nenhuma mulher que se enquadre no perfil de confiança privilegiado pelo presidente.

Por isso, o nome de Messias desponta hoje como favorito. Ele revelou uma fidelidade absoluta ao PT e a Dilma Rousseff, inclusive descendo a rampa do Palácio com a ex-presidente após o impeachment. Agora, na AGU, ele encampa com afinco a agenda de governo.

Olhando para a frente, uma indicação de Messias também teria repercussões para os planos políticos de Lula para 2026. A esquerda pode chiar nas redes, mas votará contra Lula? Até aqui, o barulho foi grande nas redes, mas o PT não criticou Zanin. As críticas vieram de políticos do PSOL, de personalidades de fora da política e de ativistas e acadêmicos que tendem a cerrar fileiras quando chegar a próxima campanha. Já Messias pode ajudar na construção de pontes com os evangélicos. No Congresso, claro, mas também ao ser mais uma barreira para que um Supremo mais progressista avance em pautas como as drogas e o aborto, cuja conta política cairia, sem dúvidas, em Lula.

Felipe Recondo
Fonte: @jotaflash

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