Achado usado: Chevrolet Kadett GSi conversível é uma lenda nacional


Em 1989, com o Chevrolet Kadett, a indústria automobilística brasileira finalmente saía de um desjejum, visto que o último carro realmente novo tinha sido o Fiat Uno, em 1984. Posicionado entre o Chevette e o Monza, o hatch foi vendido nas versões SL, SL/E e GS que, em 1991, ganhou injeção multiponto.

Com isso, o Chevrolet Kadett trocou a sigla GS (Grand Sport) por GSi (Grand Sport Injection), tornando-se um ícone entre os esportivos nacionais, sobretudo na desejada versão sem capota. Produzido em menor tiragem que o rival Ford Escort XR3 conversível, a opção com teto retrátil do modelo da GM está cada vez mais rara de se encontrar. Mas nós encontramos um!

Este elegante GSi 1994-1995 Preto Liszt está à venda por meio da RB Consultoria Automotiva, especializada em serviços gerais automotivos. Ele ostenta 101 mil km originais e ainda esbanja muita “saúde”. Prova disso está no seu histórico de manutenções, sempre em oficinas especializadas. A capota elétrica, por sua vez, está 100% operacional. O painel 100% digital é um show, com funcionamento perfeito.

Como qualquer carro antigo, o cuidado deve ser redobrado, principalmente com a segurança. No entanto, o dono confessa que cada sorriso estampado no rosto de seu filho de quatro anos valeu a pena nesses três anos de convívio com o veículo.

“Minha grande paixão é fazer passeios com a minha família. Como o Kadett GSi ficou apertado, resolvi investir em uma Kombi, mas com certeza vai deixar saudades”, emociona-se.

O preço deste exemplar de Kadett GSi conversível é R$ 95 mil, equivalente ao de um Onix zero km. Caro para uns, aceitável para outros, o fato é que o valor hiperinflacionado está dentro da média dos principais sites de compra e venda de veículos pesquisados por nós. E você, pagaria esta quantia só para realizar o seu sonho de criança?

Com menor tiragem que seus adversários, como o Ford Escort XR3, hoje, o Chevrolet Kadett GSi sem capota tornou-se um objeto amplamente venerado. Na época, começo dos anos 1990, o esportivo era tudo o que havia de novo, tido como um dos nacionais mais caros. Foi, sem dúvida, uma forte reação contra a enxurrada de importados que não parava de chegar no mercado brasileiro.

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A fabricação do GSi conversível envolvia duas etapas. Parte da carroceria era enviada à Itália, país-sede do extinto estúdio Bertone. Conhecido por dar vida a lendas da Alfa Romeo, Lamborghini, Ferrari, entre outras, era lá que o GSi ganhava “forma”. Da carroceria original, o teto de chapa era descartado para dar lugar a um arco central que ajudava a reforçar a estrutura na coluna do para-brisa.

Já de volta ao Brasil, eram feitos pintura, instalação do motor e acabamentos internos. Por fim, a montagem da capota de lona. Todo o processo em solo nacional demorava exatos seis meses, sendo que a maior parte dele envolvia mão de obra puramente artesanal. Com isso, a média de carros produzidos por mês mal passava de 200 exemplares.

Quanto ao propulsor a gasolina de quatro cilindros, não houve nenhuma mudança em relação ao GSi normal. Alimentado com a ajuda da injeção eletrônica Bosch Jetronic multiponto, o 2.0 conseguia entregar 121 cv de potência — com um torque de 17,6 kgfm a 3.000 rpm — contra 110 cv do GS, com carburador. Como mandava a tradição, a transmissão era sempre manual, de cinco marchas, de engates macios e precisos.

Com isso, o GSi conversível com seus 1.169 kg — quase 70 kg extras do hatchback — fazia de 0 a 100 km/h em 11,4 segundos; ou 0,8 s a menos. Já a velocidade máxima passava um pouco dos 180 km/h.

Assim como no modelo com teto fixo, no aberto a GM oferecia alguns opcionais interessantes. Um deles era a regulagem da altura da suspensão traseira por sistema pneumático por bolsas de ar. A ideia permitia corrigir o nivelamento da carroceria em caso de bagagens mais pesadas no porta-malas. O dispositivo podia ser calibrado em postos de gasolina, tal como os pneus.

Com 4,07 m de comprimento, 1,80 m de largura, 1,33 m de altura e 2,52 m de entre-eixos, o Kadett era um esportivo focado para apenas quatro passageiros. O porta-malas de 290 litros (100 litros a menos) tinha lá suas limitações por conta do compartimento da capota que roubava parte do nicho.

Mas era no conforto que o conversível se desvencilhava de qualquer paradigma. A direção opcional hidráulica — e com regulagem de altura — casava bem com os bancos esportivos da Recaro. O ar-condicionado estava entre os outros poucos itens cobrados à parte pelo GSi.

Para baixar a capota se fazia necessária operação manual. O recurso só foi automatizado a partir de 1993. Sem muitas mudanças, exceto no catálogo de cores, o GSi teve uma jornada bem curta no país por conta da desleal concorrência dos importados. De qualquer forma, seu legado permanece vivo na memória de alguns brasileiros que, um dia, ainda esperam realizar este grande sonho de menino.

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Fonte: direitonews

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