Pode ter durado menos de um ano a parceria que permitiria à Hyundai usar a fábrica da Caoa em Anápolis (GO) para produzir outros modelos além do SUV Tucson e do utilitário HR. Autoesporte apurou que os dois veículos deixaram de ser produzidos na unidade goiana ainda em abril, quando o local entrou em férias coletivas.
Desde o retorno das atividades, em meados de maio, apenas modelos da Caoa Chery estão sendo produzidos no local.
Mais do que o fim da produção de Tucson e HR, Autoesporte apurou com exclusividade, com diversas fontes ligadas às empresas, que não há planos de produzir novos carros da Hyundai ali, e que a parceria para a produção de modelos da marca sul-coreana pela Caoa foi encerrada.
Com isso, é possível que parte do acordo, firmado no início de 2024, seja desfeito, restando à Caoa a condição de distribuidora de veículos Hyundai em todo o Brasil. Uma outra fonte, no entanto, afirma que há conversas para que a nova geração do Tucson seja feita em Anápolis a partir de 2026.
Procuradas, Hyundai e Caoa não confirmaram ou negaram o fim do acordo. As duas empresas disseram, em notas (veja a íntegra mais abaixo), que não iriam comentar estratégias comerciais ou planos de negócio.
Voltando ao início de 2024, Hyundai e Caoa encerraram a disputa de anos pelo controle das operações no Brasil com um acordo. A empresa brasileira passaria a distribuir toda a linha Hyundai, incluindo HB20 e Creta, até então vendidos em uma rede própria.
Por outro lado, a fabricante sul-coreana poderia usar a estrutura da fábrica de Anápolis para fazer os veículos que quisesse, pagando à Caoa um valor pela manufatura. Além disso, a Hyundai também teria controle sobre quais modelos importaria. Assim, vieram Ioniq 5, Palisade e, mais recentemente, Kona.
Na prática, as únicas partes da nova fase da parceria que entraram em vigor foram a importação de novos modelos e a comercialização dos Hyundai feitos na fábrica em Piracicaba (SP) nas lojas da Caoa. No entanto, nenhum novo veículo da marca coreana saiu das linhas de produção goianas.
Vale lembrar que o HR já era feito em Anápolis há anos, assim como o Tucson, que estava com a montagem suspensa, mas teve o lote final retomado no final de 2024. O próprio presidente da Hyundai, Airton Cousseau, disse ao CBN Autoesporte em outubro passado que o lote a ser produzido seria pequeno.
Desde o anúncio do acordo, a Hyundai prometeu novos modelos nacionais, mas nenhum anúncio foi feito, limitando o noticiário a especulações sobre quais carros poderiam chegar.
Tucson e HR deixaram de ser produzidos em Anápolis quase ao mesmo tempo em que as novas normas de emissões do Proconve entraram em vigor. No entanto, não há informações de que eles não atendam à nova legislação. Por outro lado, o site da Hyundai mostra que a dupla ainda é comercializada com ano-modelo 2024/2025. Ou seja, não há exemplares produzidos neste ano, quando o PL8 começou a valer.
O Tucson é oferecido em versão única, Limited, por R$ 199.490. Traz o mesmo motor 1.6 turbo do Creta, também a gasolina, mas, em vez de 193 cv, entrega 177 cv. O câmbio também é automatizado de dupla embreagem com sete marchas.
No caso do HR, o catálogo também tem versão única, GL, com motor 2.5 turbodiesel de 130 cv, tração 4×2 e câmbio manual de seis marchas. Custa R$ 188.990. O utilitário tem ainda um “primo”, o Kia Bongo, feito no Uruguai. Porém, curiosamente, o Bongo foi atualizado para a linha 2026 com o tanque de Arla e tração 4×4. É preciso lembrar que Kia e Hyundai pertencem ao mesmo grupo. Porém, a Kia é representada no Brasil pelo Grupo Gandini.
Nas lojas, ainda é possível encontrar tanto Tucson como HR. Nos emplacamentos, os dois também aparecem com números baixos, mas constantes. No caso do SUV, as vendas mensais em 2025 variaram entre 130 e 200 unidades. No acumulado de junho, contudo, foram apenas 69 exemplares. Já o utilitário varia entre 200 e 380 unidades por mês, com parcial de junho em 159 emplacamentos.
Autoesporte questionou Hyundai e Caoa sobre o fim da produção de Tucson e HR na fábrica de Anápolis. Também perguntou se o acordo de fabricação no local ainda estava vigente. Em nota, nenhuma das empresas confirmou ou negou as informações apuradas. Confira, na íntegra, as respostas de cada uma:
“A Hyundai esclarece que, conforme suas políticas globais de governança corporativa e confidencialidade, não comenta estratégias comerciais ou de produção nos mercados em que está presente.”
“A CAOA tem uma política de sigilo judicial que não nos permite comentar planos de negócios, futuros lançamentos ou tratativas de projetos subsequentes.”
Colaborou Iago Garcia.
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.
Fonte: direitonews
