A Volkswagen Brasilia vem recebendo uma atenção especial dos potenciais colecionadores e apaixonados pelos “aircooleds” ultimamente. Sua história no Brasil começou em 1973 com a missão de substituir o velho Fusca, o que não aconteceu. Mas isso não impediu de ocupar o lugar entre os carros mais vendidos do Brasil na década de 1970.
Embora o besouro ainda fosse sucesso de vendas, a Brasilia reforçaria a briga contra os rivais, como o Chevrolet Chevette, que também havia acabado de ser lançado. Outro motivo de orgulho para ela é que, junto do esportivo VW SP2, foi um dos primeiros veículos projetados fora da matriz alemã, ambos assinados pelo designer Márcio Piancastelli.
Esta rara Volkswagen Brasilia 1974 na cor marrom Caravela é um dos achados usados de Autoesporte que melhor representam a história. Com somente dois donos nestes mais de 50 anos de fabricação, e alegados 91 mil km originais, o exemplar está à venda pela GG World Premium Classic Cars à venda por R$ 75 mil.
O hatchback da Volkswagen, segundo o dono da loja, Alex Fabiano, só recebeu um banho de tinta e, tirando as rodas do VW SP2, tudo nela é original. Por dentro, é impressionante o estado dos bancos e forrações de porta, sem marcas ou manchas. O tabelier também mantém à risca a perfeita apresentação.
O painel de instrumentos é simples e reúne apenas o velocímetro com hodômetro total e marcador do nível de combustível. Mais ao centro, nota-se que o nicho onde cabe um rádio foi preservado sem ter sido furado em todos esses anos.
A VW Brasilia foi fabricada por quase 10 anos ininterruptos — entre junho de 1973 e março de 1982 — tornando um sucesso de vendas com mais de 1 milhão de unidades produzidas. Não fosse a decisão de tirá-la de circulação, os números poderiam ter sido melhores.
A atitude, inclusive, gerou controvérsia, visto que o Fusca era um projeto mais antigo e, portanto, também cotado para ser descontinuado. O lançamento do Volkswagen Gol, em 1980, foi uma das razões do encerramento da história da Brasilia em nosso mercado.
A Brasilia, apesar de ter 17 centímetros a menos de comprimento do que o Fusca, possui o espaço interno muito mais bem aproveitado. Durante o seu lançamento, Autoesporte reforçou, na edição de junho de 1973, que, embora parecesse uma Variant encurtada, ela tinha sua própria personalidade.
“De fato, tanto o pessoal do Estilo como o da Mecânica fez um número de alterações tão grandes (em relação ao VWs 1600 atuais) que se pode afirmar, sem exagero, que o VW Brasilia é realmente um novo veículo. Embora lembre uma pequena Variant, principalmente quando é visto de frente, o VW Brasilia tem lateralmente semelhanças com minicarros europeus, entre eles, o Mini Cooper e o Fiat 127”.
O espaço também foi muito elogiado, graças ao motor 1.6 refrigerado a ar de ventoinha vertical emprestado do VW 1600 quatro-portas, e não o chamado “motor chato” que equipava a Variant e o TL. Com essa configuração, permitiu-se que os engenheiros pudessem posicionar o banco traseiro mais próximo do conjunto mecânico, ancorado na traseira.
As primeiras unidades da Brasilia vinham com o motor 1600 refrigerado a ar alimentado por um carburador (Solex 30) que fornecia potência de 60 cv, transmitida às rodas traseiras. De acordo com os testes da Autoesporte, a perua registrou, em sua melhor passagem, a velocidade máxima de 134,328 km/h, superior aos 130 km/h indicados pela fabricante.
Na prova de aceleração, o modelo da Volkswagen fez de 0 a 100 km/h em 15 segundos, destacando que ela teve a melhor marca entre todos os VW 1600 da época.
No consumo, a Brasilia também foi satisfatória e dentro dos padrões da fabricante alemã, de acordo com a publicação: 10,8 km/l rodando a dois terços da velocidade máxima na estrada, com 320 kg de carga. Na cidade, com o mesmo lastro, o consumo médio ficou em 8 km/l usando “gasolina amarela”, a gasolina comum da época.
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Fonte: direitonews