Líder do governo diz que Congresso cometerá um “mico” se votar anistia


O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que a possível votação do projeto de lei da anistia será um “mico” que o Congresso cometerá se colocar em pauta. Para ele, a proposta é uma “confissão de culpa precipitada”, já que está sendo discutida antes mesmo do julgamento da suposta tentativa de golpe de estado envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A proposta foi retirada da pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara no final de outubro, pelo presidente Arthur Lira (PP-AL), com a alegação de que teria sido politizada pelas negociações para a eleição do novo comando da casa no ano que vem. Ele determinou a criação de uma comissão especial para analisar o texto, mas ainda sem prazo.

“Eu não acredito que o parlamento vai querer cometer, me permita esse termo, esse ‘mico’. Ou seja, votar uma anistia antes mesmo do julgamento ter sido concluso”, disparou Randolfe em entrevista à GloboNews na manhã desta sexta (8).

De acordo com ele, a discussão de uma anistia ocorre apenas após o julgamento de um determinado caso, e que sequer foi concluída a investigação envolvendo Bolsonaro ou os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023.

“E já estão falando de anistia lá no Congresso? Me parece uma confissão de culpa precipitada, e anistia antes de julgamento ocorrer é per se inconstitucional”, pontuou.

Na semana passada, Arthur Lira prometeu dar andamento à proposta ainda durante seu mandato como presidente da Câmara até fevereiro de 2025. De acordo com ele, a criação da comissão  visa garantir uma análise mais profunda do projeto.

A proposta coloca o PL – dono da maior bancada na Câmara – e o PT – do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – em lados opostos. Lira, no entanto, afirmou que resolverá a questão “conversando e ouvindo muito”.

A oposição fica, no entanto, apenas nesta proposta. Isso porque ambos os partidos entraram na mesma aliança de apoio à sucessão das presidências das duas casas do Congresso, em prol de Hugo Mota (Republicanos-PB) na Câmara e de Davi Alcolumbre (União-AP) no Senado. A coalizão, no entanto, foi criticada pelo deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que disse se sentir traído pela união e que “não dá para ignorar o eleitorado”.

Lira ainda negou que tenha feito qualquer acordo específico relacionado ao mérito do projeto. “Não fiz essa discussão nem com o STF nem com os partidos”, afirmou reforçando que a comissão terá um prazo de até 40 sessões para examinar a proposta e que a tramitação seguirá “rito normal e regimental”.

A decisão de instituir a comissão foi recebida com diferentes interpretações nos meios políticos. Arthur Lira, no entanto, negou que a aprovação do projeto tenha qualquer relação com o apoio do PL a Hugo Motta e disse que não houve acordo sobre esse ponto.

“O que eu tenho é que não seria. Comigo ele disse que não seria”, completou.

Fonte: gazetadopovo

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