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O Brasil registrou 683 focos de incêndio na quarta-feira (30), conforme dados do sistema BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados na manhã desta quinta-feira (31). A Amazônia concentra a maior parte desses incêndios, com 520 ocorrências, o que representa 76,1% do total.
O estado do Pará é o mais afetado, com 405 focos registrados em 24 horas, seguido por Amapá, com 56, e Piauí, com 26.
Dentre os seis biomas brasileiros, cinco apresentaram incidência de fogo. O Cerrado teve o segundo maior número de queimadas, com 72 focos, correspondendo a 10,5% do total.
O Brasil encerrou agosto de 2024 com o pior número de queimadas em 14 anos, totalizando 68.635 ocorrências, o quinto maior da série histórica iniciada em 1998. Esse número representa um aumento de 144% em relação ao mesmo período de 2023.
Setembro registrou 83.157 focos de incêndio, tornando-se o mês mais crítico do ano até agora. Este setembro foi o que mais queimadas registrou desde 2010, quando foram contabilizados 109.030 focos.
Comparado ao último ano, que teve 46.498 pontos de fogo em setembro, o aumento foi de 78,74%.
Tradicionalmente, setembro é o mês em que o Brasil costuma registrar o pico de queimadas, período que se estende até outubro. Até agora, em outubro, o país acumula 33.017 focos de incêndio, totalizando 243.225 ocorrências no ano de 2024.
Além do aumento nos focos de incêndio, o Brasil enfrenta uma seca histórica, considerada a pior estiagem em 75 anos, segundo o Instituto Chico Mendes da Conservação e Biodiversidade (ICMBio).
A seca e a estiagem que afetam grande parte dos municípios brasileiros são comuns no inverno, que se inicia em junho e vai até o final de setembro. No entanto, a intensidade desta estação em 2024 é atípica. Dois fatores principais impactam o cenário: as fortes ondas de calor, com seis ocorrências desde o início da temporada, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden); e a antecipação da seca, que começou antes do inverno em algumas regiões. Na Amazônia, por exemplo, a estiagem se intensificou quase um mês antes do previsto, iniciando em junho.
Na região amazônica, a seca é particularmente preocupante, com municípios enfrentando cerca de um ano de estiagem, a mais longa já registrada. Três fatores principais explicam essa situação: a intensidade do El Niño, que afetou o regime de chuvas e teve pico no início do ano; o aquecimento anormal das águas do Atlântico Tropical Norte, com aumento de 1,2 °C a 1,4 °C em 2023 e 2024; e os recordes de temperatura globais, com julho de 2024 marcando a maior temperatura já registrada na história. Esse cenário cria condições propícias para ondas de calor mais intensas.
Fonte: gazetabrasil