Antes de morrer na prisão, opositor russo escreveu memórias: “Não poderei me despedir”


O  líder opositor russo Alexei Navalny, falecido em fevereiro deste ano sob circunstâncias controversas em uma prisão na Sibéria, escreveu um diário durante o tempo em que esteve sob detenção do regime de Vladimir Putin. Um livro com suas memórias, com lançamento previsto para o dia 22 de outubro, nomeado como “Patriota: uma memória”, traz relatos do cárcere de Navalny, em que ele previa morrer na prisão “sem poder conhecer seus netos”.

Trechos da obra foram divulgados nesta semana pela revista americana The New Yorker. A publicação traz anotações do ferrenho opositor do ditador Vladimir Putin, em que Navalny reflete sobre os motivos por ter retornado ao país, mesmo tendo sido aconselhado a permanecer exilado. 

“Eu disse isso há dois anos, e vou dizer de novo: a Rússia é o meu país. Nasci e cresci aqui, meus pais estão aqui, e eu fiz uma família aqui; encontrei alguém que amei e tive filhos com ela. Sou um cidadão de pleno direito, e tenho o direito de me unir com pessoas que pensam como eu e ser politicamente ativo. Há muitos de nós, certamente mais do que juízes corruptos, propagandistas mentirosos do Kremlin”, escreveu meses antes de morrer, de acordo com a recente publicação da The New Yorker.

Em 2020, Navalny sobreviveu à uma tentativa de envenenamento com o agente químico Novicho. Desde o fim de 2023, permanecia detido em uma prisão de segurança máxima, onde cumpria uma pena de 19 anos por “extremismo”.

“Passarei o resto da minha vida na prisão e morrerei aqui. Não haverá ninguém para dizer adeus. Enquanto eu ainda estiver na prisão, pessoas que conheço lá fora morrerão e não serei capaz de dizer adeus a elas. Vou perder as formaturas da escola e faculdade. Todos os aniversários serão comemorados sem mim. Eu nunca verei meus netos. Não serei o assunto de nenhuma história familiar”, lamentou.

Alexei Navalny morreu aos 47 anos.

Fonte: gazetadopovo

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