Inflação fica negativa em agosto com queda nos preços de alimentação e habitação


A inflação oficial de agosto ficou em -0,02% de acordo com dados do IBGE divulgados nesta terça (10). O chamado Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou a primeira “deflação” do ano, que pode vir a pressionar o Banco Central a segurar um possível aumento da taxa básica de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem.

De acordo com o IBGE, o índice em agosto foi puxado para baixo principalmente pela redução dos preços nos grupos de “alimentos e bebidas” (-0,44) e “habitação” (-0,51).

A maior queda foi por conta da energia elétrica residencial (-2,77%), que teve o mês todo de agosto sob a bandeira tarifária verde, sem cobranças extras na conta de luz. No entanto, isso deve se reverter em setembro, já que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionou a bandeira vermelha patamar 1, que acrescenta uma taxa extra de R$ 4,46 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.

Já a redução nos alimentos teve a maior queda nos preços da batata inglesa (-19,04%), do tomate (-16,89%) e da cebola (-16,85). A alimentação no domicílio como um todo caiu 0,73%, no entanto segurada pela alta dos preços do mamão (17,58%), da banana-prata (11,37%) e do café moído (3,70%).

“O principal fator que contribuiu para a queda nos preços foi uma maior oferta desses produtos no mercado por conta de um clima mais ameno no meio do ano, que favorece a produção desses alimentos, com maior ritmo de colheita e intensificação de safra”, disse André Almada, gerente da pesquisa do IBGE.

Por outro lado, os grupos de artigos de residência e de educação tiveram os maiores aumentos de preços no mês, com uma alta de 0,74% e 0,73%, respectivamente.

No acumulado do ano, a inflação chega a 2,85%, e a 4,24% nos últimos 12 meses. Segundo o IBGE, este índice é menor do que o observado no mesmo período anterior, em que chegou a 4,5%, que é o teto da meta definida para este ano.

O resultado negativo de agosto deve pressionar os diretores do Copom para a reunião dos próximos dias 17 e 18, em que discutirão a atualização da taxa básica de juros atualmente em 10,5% desde o mês de maio. Há a expectativa do mercado financeiro de que a Selic comece uma trajetória de alta por conta da previsão de aumento da inflação até o final deste ano.

O último Relatório Focus do Banco Central, divulgado na segunda (9), reprojetou a inflação do ano pela oitava semana seguida, com uma perspectiva de chegar em dezembro a 4,3% – próximo da meta de 4,5%. Com isso, os analistas preveem que a Selic pode subir dos atuais 10,5% para 11,25%.

Fonte: gazetadopovo

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