Velocidade é uma paixão que o eterno Ayrton Senna inspira até hoje nas novas gerações na Fórmula 1. Com os carros de rua, a Fiat foi responsável por lançar um dos carros nacionais mais rápidos: o Tempra 16V.
O tema de abertura da reportagem não foi por acaso. Quando o piloto conquistou a vitória no GP do Brasil em 1993, usou o sedã como safety car para desfilar no autódromo de Interlagos. No ano seguinte, a marca saiu na frente novamente e apostou num sedã ainda mais ligeiro: o Tempra Turbo.
Autoesporte achou um exemplar de 1995 à venda por meio da Escuderia Coqueiro, situada em Teresópolis, região serra do Rio de Janeiro. O odômetro alega pouco mais de 205 mil km originais, o que aparenta ter bem menos devido à sua integridade e originalidade.
Na parte externa, todos os faróis, incluindo os de milha, são originais da marca Cibié. Internamente, os bancos em veludo estão em perfeito estado, assim como os demais detalhes de acabamento. No porta-luvas, há farta documentação, livretos, chave reserva e manuais originais. Para fechar com chave de ouro, o clássico rádio toca-fitas da Alpine sobrevive ao tempo.
“Tirando a pintura que ganhou um banho de tinta, tudo nele é original, incluindo a turbina Garret”, resume Leonardo Campos, responsável pela loja. O modelo é vendido por R$ 80 mi e pode ser a chance de acesso a um dos veículos mais icônicos da história da indústria automobilística nacional, e que só está valorizando nos últimos anos.
Lançado no final de 1991, o Tempra foi o primeiro sedã médio de luxo da Fiat no Brasil, cujo objetivo era rivalizar com nomes de peso como VW Santana, Chevrolet Monza e Ford Versailles. No entanto, o modelo da Fiat inovou em muitos aspectos.
Estreou o motor de quatro válvulas por cilindro em 1993 e também foi um dos pioneiros a usar a sobrealimentação do turbocompressor, em 1994, logo atrás do Uno, lançado alguns meses antes. Junto às versões 16V e Turbo, o Tempra foi um dos poucos a ultrapassar a “casa” dos 200 km/h.
Lançada unicamente com carroceria de duas portas, o sedã esportivo trazia o motor 2.0 8V — e não 16V — em uma época na qual um cabeçote mais simples, com duas válvulas por cilindro, era uma melhor opção para extrair o máximo de potência e torque em diferentes faixas de rotação.
Dessa maneira, com a ajuda do sistema digital de injeção multiponto (Bosch Motronic M.1.5) e do turbocompressor, os engenheiros da Fiat conseguiram chegar aos 165 cv de potência (a 5.250 rpm) e 26,5 kgfm (a 3.000 giros) de torque.
Aliado à turbina Garrett T3, com válvula de alívio ajustada para limitar a pressão de alimentação em 0,8 bar, o Tempra Turbo acelerava de 0 a 100 km/h em 8,2 segundos (0,3 s mais rápido que o Vectra GSi) e atingia 220 km/h de velocidade final. Como convinha aos esportivos “raízes” da época, a caixa de câmbio era sempre manual de cinco marchas, com engates mais precisos.
Só para demonstrar o que isso significava para a época, atualmente um Volkswagen Polo GTS, considerado um dos carros nacionais mais velozes, cumpre o mesmo zero a 100 km/h em 8,3 s, ou seja, o Tempra Turbo é 0,1 s mais rápido.
Durante os testes da época da Revista Autoesporte (edição 347, abril de 1994), o jornalista Bob Sharp comentou:
A Fiat deu sobrevida ao Tempra Turbo através do Tempra Stile, em 1995, que passou a ser oferecido só com quatro portas.
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Fonte: direitonews